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Está é uma página suplementar do blogue Construindo História Hoje (http://www.construindohistoriahoje.blogspot.com.br), estando a mesma vincula de modo factual ao blogue original e tendo as mesmas prerrogativas. As postagens apresentadas aqui podem conter conteúdo que expanda o universo dos estudos históricos para outras áreas e podendo ir além com abordagens variadas tão quantas o conteúdo. Deste modo distingui-a do blogue original que possuí seu foco unicamente nos estudos históricos.

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O MUNDO QUE PREPARA A CATÁSTROFE


A que misterioso ritmo obedece esse estranho rumor, a princípio vago e indistinto, já agora nítido e altissonante, que perpassa pela superfície da terra, dando a volta ao seu meridiano?
Que sentido profundo traz essa agitação geral dos povos, a tragédia surda dos espíritos, a angústia dos oprimidos e o sobressalto dos opressores?
As cidades cresceram para os céus. Os mares coalharam-se de naves de aço. O homem percorre a amplidão com asas de águia. A terra multiplicou as suas messes, as indústrias multiplicaram os seus benefícios. Todos os confortos imagináveis se tornaram realidades banais. Todos os sonhos de beleza e de magnificência foram ultrapassados. E nunca o homem dominou mais os elementos, nunca imperou melhor sobre a natureza.
Rufam os motores dos aviões; gritam locomotivas; fonfonam os automóveis; uivam as s as sereias das fábricas; estrondam as usinas;  mugem os navios; sibilam polés estridulam guindastes; cantam os rádios... É a sinfonia planetária...
As máquinas produzem por milhares de homens. A Civilização esplende nas suas grandes Metrópoles. Nunca a humanidade foi tão rica, nunca o gênero humano conheceu maior fartura.
E, entretanto, nunca houve desespero maior, nunca o ser humano mergulhou em confusão tão grande, tão desnorteadora.
Nas modernas babilônias cresce a legião dos desocupados; há criaturas sem teto, que dormem ao relento, ou na promiscuidade dos albergues; e o próprio trabalho já não é um prazer, mas um triste manobrar de manivelas e de alavancas, onde toda a iniciativa do Espírito desapareceu.
Outrora, o trabalho tinha qualquer coisa de fino, de sutil, feito de amor e de entusiasmo, de esperança e de alegria íntima, criadora; e, agora, o homem sente-se, cada vez mais, submetido a um ritmo mecânico, que o vai transformando, dia a dia, numa peça do maquinismo da Produção.
Não amando mais o trabalho (e só se ama aquilo onde se realiza a fusão do Espírito com as necessidades da matéria). Vendo a “arte” ser substituída pela “técnica”.
O homem moderno vai se tornando um autômato, um boneco de carne e osso, que será possivelmente substituído por um outro boneco de aço  e ferro, quando o barateamento do custo da produção e a racionalização do trabalho, levada aos extremos que a técnica sugere, determinar que assim seja.
O instinto da máquina vai avassalando tudo.
O Homem inventou a máquina. A máquina agora, quer fabricar homens. E se um dia saírem homens do ventre das usinas, também os úteros das mulheres gerarão homens-máquinas, sem coração, sem afeto, meros aparelhos de produção...


DOREA, Augusta Garcia Rocha (Org). O Pensamento Revolucionário de Plínio Salgado: uma antologia, São Paulo: Ed. Voz do Oeste, 1988.
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