O caso dos espanhóis: A
serviço da Espanha, Cristóvão Colombo
(1451-1506) chegou ao continente que mais tarde foi chamado de América no dia 12 de outubro de 1492, em uma ilha que os indígenas
denominavam de Guaanani, pertencente ao atual arquipélago das Bahamas e a qual
batizou de São Salvador. Acreditando ter chegado às ilhas do continente
asiático, na região que era chamada genericamente de Índias, denominou os
nativos de índios. Colombo realizou ainda mais três viagens à América
(493-1494; 1498; 1502-1504), sempre acreditando
tratar-se da Ásia Oriental. O nome
América apareceu pela primeira vez em um mapa de Martin Waldseemüller (1507),
como homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, que, na obra Mundus Novus (Novo Mundo), relatara suas
viagens ao novo continente. Em seus contatos com os povos originários da
América, Colombo escreveu que nunca tinha encontrado pessoas de tão bom coração
e tanta franqueza e descreve os indígenas como curiosos e amistosos com os
desconhecidos. No entanto, desde o primeiro momento, Colombo deixou claro seus objetivos colonizadores construindo um
forte e aprisionando alguns indígenas para enviá-los como curiosidade ao rei Fernando e à rainha Isabel , da Espanha.
A partir do século XVI, os espanhóis
instalaram-se nos territórios americanos, apropriaram-se
deles e submeteu a população local pela força, assumindo desse modo o
controle da região.
O caso dos portugueses: No
decorrer do século XV, os portugueses enviaram diversas expedições em busca de caminhos alternativos para
alcançar as Índias. Assim, encontraram diversas regiões habitadas e
passaram a conquista-las. A primeira foi Ceuta, em 1415, seguindo a exploração
das regiões costeiras do continente africano. Somente em 1498, numa expedição comandada por Vasco da Gama, os
portugueses aportaram em Calicute, na Índia. Após o retorno de Vasco da
Gama, o reino português enviou uma nova expedição para formalizar as relações
comerciais com as Índias. Essa
expedição, que partiu de Portugal em março de 1500, era comandada por Pedro
Álvares Cabral, que, propositalmente ou não, desembarcou em terras ao sul do
atual estado da Bahia em 22 de abril de 1500. Assim como as regiões a que
os espanhóis chegaram, a porção sul da América era habitada por povos étnica e culturalmente diferentes,
espalhados por um imenso território. Os contatos iniciais foram pacíficos,
conforme relata o escrivão Pero Vaz de Caminha na carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel,
descrevendo as terras e os povos que habitavam a ilha de Veraz Cruz, primeiro nome dado às terras que hoje formam o
Brasil. Nas expedições dos anos
seguintes, eles perceberam que não se tratava de uma ilha e alteraram o nome
para Terra de Santa Cruz. A primeira riqueza encontrada nessas terras e
enviada à Europa foi o pau-brasil,
árvore abundante, cujo tronco se extraía um corante para tecidos de alto valor
comercial. Nas primeiras décadas (1500-1530), os portugueses vieram ao
Brasil basicamente para extrair pau-brasil. Essa árvore acabou inspirando um
apelido para as novas terras portuguesas: Terra do Brasil. Inseridos no modo de
pensar europeu, o portugueses não procuravam compreender o universo cultural do
indígena. Sua concepção de mundo estava fundamentada na religião e nas práticas mercantilistas, e era difícil
entender as crenças e práticas dos nativos que cultuavam elementos da natureza
e praticavam (alguns grupos) a antropofagia (canibalismo ritual). Os nativos
também não entendiam o conceito europeu de propriedade da terra ou de
exploração de seus recursos naturais para a obtenção de lucro. A relação dos indígenas com a terra era bem
diferente da estabelecida pelos europeus. Além de usufruir coletivamente dela, os nativos identificavam nos elementos
naturais suas representações religiosas. Dessa forma, os indígenas não tinham a
intenção de explorar a terra com exclusividade, uma vez que eles se consideravam parte dos elementos presentes
nela. Apesar da associação dos indígenas à imagem de passividade, a
curiosidade e amorosidade iniciais, descritas nos relatos de colonizadores e
visitantes do Novo Mundo, foram substituídas por reações contrárias à
colonização a partir do momento em quem as intenções portuguesas de implantação
de um sistema agrícola para exploração, escravização dos povos indígenas,
catequização, entre outros objetivos religiosos e mercantilistas foram
reveladas.
O caso dos britânicos: Os
ingleses não foram pioneiros na chegada ao território que hoje conhecemos como
América. Há, por exemplo, vestígios concretos da presença dos Vikings no atual Canadá, quase cinco
séculos antes da chegada de Colombo ao continente. Franceses, espanhóis e muitos
outros já haviam chegado aos atuais Estados Unidos e feito, inclusive, contato
com as populações indígenas da região. Entretanto, a partir do século XV, os
portugueses e espanhóis, que detinham o controle hegemônico da navegação no
Oceano Atlântico, dividiram a nova porção de terras encontradas com o intuito
de explorá-las com exclusividade. Contestado o controle do novo continente
exercido por Portugal e Espanha, a
Inglaterra passou a praticar pirataria realizando muitos saques às riquezas
carregadas pelas embarcações das potências de então. A Inglaterra, todavia, não
se concentrou apenas em roubar os navios ibéricos. No fim do século XV, a Coroa
inglesa nomeou encarregados para explorar a América e, na década de 1580, a rainha Elizabeth I concedeu permissão
para que a colonização na região fosse iniciada. O projeto inicial de colonização inglês era parecido com os projetos
ibéricos, nos quais o soberano europeu concedia partes das novas terras a
nobres, que passavam a ser responsáveis por seu povoamento e desenvolvimento
econômico. Mesmo assim, os ingleses inicialmente tiveram muitas dificuldades
para se instalar nas novas terras, pois sofreram com doenças e ataques
indígenas. No entanto, a partir de 1600,
o grande aumento da população nas cidades inglesas fez com que a ideia de uma
colônia que abrigasse parte dessas pessoas e ainda gerasse acúmulo de riquezas
fosse vista com simpatia. A partir de então, muitos grupos de pessoas,
chamados de companhias, com diferentes objetivos, dirigiram-se para a América
com o apoio financeiro da Coroa inglesa. Órfãos, mulheres pobres e grupos
religiosos, além de outros, passaram a ocupar o território da América do Norte
lentamente, dando início ao que se tornariam as Treze Colônias inglesas e, mais
tarde, os Estados Unidos.
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MOCELLIN, Renato; CAMARGO,
Rosiane de. História em Debate: História Ensino Médio. São Paulo: Editora do
Brasil, 2013. pp.44-47.
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