Na antiguidade, no Médio Oriente adoravam-se centenas de deuses: cada
grupo étnico e inclusive cada cidade tinha os seus próprios deuses. Em geral
havia uma grande tolerância religiosa e os deuses de uma região assimilavam os
da outra. Os panteões sumério e acadiano fundiram-se em épocas antigas e já não
é possível distinguir as suas divindades. Muitas vezes, o prestígio dos deuses
dependia da maior ou menor fortuna da cidade de origem. Marduque e Ashur, por
exemplo, chegaram a ser muito importantes devido à prosperidade crescente da
Babilônia e da Assíria.
Os deuses tomam freqüentemente forma humana, e acreditava-se que se
comportavam como humanos, com as mesmas emoções e as mesmas necessidades,
embora possuíssem poderes sobrenaturais. Ao lado dos deuses havia numerosos
seres sobrenaturais, bons e maus: demônios, espíritos, espectros, etc., que
tomam distintas formas e costumam combinar características humanas e animais.
Julgava-se que alguns demônios eram responsáveis pelas doenças e outras
desgraças, o que dava lugar complicações rituais destinadas a afastar o mal.
Esquerda: Uma das formas mais divulgadas de adivinhação era o exame
das entranhas dos animais sacrificados. Esta placa babilônica de argila cozida,
de Sippar, que data de 700 a. C., aproximadamente, representa este exame. No
outro lado está talhada a interpretação do augúrio. A cara foi identificada
como pertencente ao deus Humbaba, que foi assassinado pelo herói épico
Gilgamesh. (Altura 8 cm)
Esquerda: neste ornamento com enfeites de marfim de tipo fenício,
encontrado em Kalhu, uma mulher nau sustenta leões e flores de lótus. As deusas
nuas costumam identificar-se com a deusa do amor e da guerra, que os Sumérios
chamavam Inanna, os Acadianos Istar, e no Levante Astarte, (Altura: 16, 1 cm).
Direita: um kudurru (marco fronteiriço) de Nabucondonosor I (1124-1103
a.C.) gravado com os símbolos dos deuses. Na fila superior está a estrela de
Istar, a meia-lua de Sin e o disco solar de Shamash. As três coroas com cornos
sobre pedestais, em baixo, podem representar Anu, Enlil e Ea. (Altura: cerca de
60 cm.)
Direita: A parte posterior desta placa de bronze em relevo (por volta
de 700 a.C.) representa o demônio Pazuzu cuja cabeça e mãos se vêem na parte
superior. É provável que servisse de proteção contra Lamashtu, que atacava as
mulheres grávidas e os recém-nascidos. Na placa figuram os símbolos dos deuses,
uma fila de demônios, um doente atendido por sacerdotes com um manto de escamas
de peixe, além dos demônios Pazuzu e Lamashtu, o da cabeça de leão, em baixo.
(Altura: 13,3 cm; largura: 8,4 cm)
Esquerda: figura alada do Palácio do Noroeste de Assurbanipal II
(883-859 a.C) em Kalhu,com uma coroa com cornos que simbolizavam a divindade na
antiga Mesopotâmia a partir do primeiro período dinástico. Nas paredes do
palácio existiam muitas figuras similares talhadas, algumas com quatro asas, ou
com cabeça de águia e outras com mantos de escamas de peixe, que tinham também
objetos diversos – plantas, animais, cubos e cones. E stes seres sobrenaturais
relacionavam-se com os apkallu ou sete sábios, cujas figurinhas se enterravam
no solo dos palácios para os proteger do mal assim como os seus ocupantes.
Em baixo: figura de bronze que
representa o demônio do vento Pazuzu, que costumava aparecer com uma cara
grotesca, quatro asas, patas de ave, patas dianteiras de animal e cauda de
escorpião. Tem a seguinte inscrição: <<Sou Puzuzu, filho de Hanbi, rei
dos demônios do vento do mal>>. Embora rei dos demônios do mal, Pazuzu
considerava-se benévolo. Os amuletos de bronze com a cabeça de Pazuzu, usados
pelas mulheres no parto para se protegerem contra os ataques do demônio
feminino Lamashtu, tiveram grande êxito durante os períodos Assírio Final e
Neobabilônico.
Direita: figura de deus com quatro caras, não foi encontrada numa
escavação, mas poderia proceder de
Neribtum (Tell Ischchali) e data de princípios do 2° milênio a.C. Não se
conhece a identidade do deus. (Altura: 17 cm.)
Em baixo: impressão de um selo cilíndrico de nefrite do período
Acadiano (por volta de 2200 a. C.) que mostra o deus Ea com o seu vizir Usmu de
duas caras. Em frente dele, o deus do sol Shamash surge entre as montanhas com
Istar à sua esquerda. (Altura: 3,9 cm.)
Direita: esta placa de argila cozida de Tutub (Tell Khafajeh) mostra
um deus guerreiro que apunhla uma divindade solar de um só olho. Não se conhece
a identidade das figuras. A cena pode ter origem num mito que se perdeu. No
período Paleobabilônico (2000 a.C. -1600 a.C) as placas modeladas que
apresentam deuses eram muito freqüentes e encontravam se tanto em templos com
em casas. É provável que fossem oferendas votivas ou objetos de devoção.
(Altura: 11 cm.)
ROAF, Michael. Grandes Impérios e
Civilizações: Mesopotâmia. Madrid: Edições del Prado S.A, 1996.