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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Deuses e demônios


Na antiguidade, no Médio Oriente adoravam-se centenas de deuses: cada grupo étnico e inclusive cada cidade tinha os seus próprios deuses. Em geral havia uma grande tolerância religiosa e os deuses de uma região assimilavam os da outra. Os panteões sumério e acadiano fundiram-se em épocas antigas e já não é possível distinguir as suas divindades. Muitas vezes, o prestígio dos deuses dependia da maior ou menor fortuna da cidade de origem. Marduque e Ashur, por exemplo, chegaram a ser muito importantes devido à prosperidade crescente da Babilônia e da Assíria.
Os deuses tomam freqüentemente forma humana, e acreditava-se que se comportavam como humanos, com as mesmas emoções e as mesmas necessidades, embora possuíssem poderes sobrenaturais. Ao lado dos deuses havia numerosos seres sobrenaturais, bons e maus: demônios, espíritos, espectros, etc., que tomam distintas formas e costumam combinar características humanas e animais. Julgava-se que alguns demônios eram responsáveis pelas doenças e outras desgraças, o que dava lugar complicações rituais destinadas a afastar o mal.

Esquerda: Uma das formas mais divulgadas de adivinhação era o exame das entranhas dos animais sacrificados. Esta placa babilônica de argila cozida, de Sippar, que data de 700 a. C., aproximadamente, representa este exame. No outro lado está talhada a interpretação do augúrio. A cara foi identificada como pertencente ao deus Humbaba, que foi assassinado pelo herói épico Gilgamesh. (Altura 8 cm)
Esquerda: neste ornamento com enfeites de marfim de tipo fenício, encontrado em Kalhu, uma mulher nau sustenta leões e flores de lótus. As deusas nuas costumam identificar-se com a deusa do amor e da guerra, que os Sumérios chamavam Inanna, os Acadianos Istar, e no Levante Astarte, (Altura: 16, 1 cm).
Direita: um kudurru (marco fronteiriço) de Nabucondonosor I (1124-1103 a.C.) gravado com os símbolos dos deuses. Na fila superior está a estrela de Istar, a meia-lua de Sin e o disco solar de Shamash. As três coroas com cornos sobre pedestais, em baixo, podem representar Anu, Enlil e Ea. (Altura: cerca de 60 cm.)
Direita: A parte posterior desta placa de bronze em relevo (por volta de 700 a.C.) representa o demônio Pazuzu cuja cabeça e mãos se vêem na parte superior. É provável que servisse de proteção contra Lamashtu, que atacava as mulheres grávidas e os recém-nascidos. Na placa figuram os símbolos dos deuses, uma fila de demônios, um doente atendido por sacerdotes com um manto de escamas de peixe, além dos demônios Pazuzu e Lamashtu, o da cabeça de leão, em baixo. (Altura: 13,3 cm; largura: 8,4 cm)
Esquerda: figura alada do Palácio do Noroeste de Assurbanipal II (883-859 a.C) em Kalhu,com uma coroa com cornos que simbolizavam a divindade na antiga Mesopotâmia a partir do primeiro período dinástico. Nas paredes do palácio existiam muitas figuras similares talhadas, algumas com quatro asas, ou com cabeça de águia e outras com mantos de escamas de peixe, que tinham também objetos diversos – plantas, animais, cubos e cones. E stes seres sobrenaturais relacionavam-se com os apkallu ou sete sábios, cujas figurinhas se enterravam no solo dos palácios para os proteger do mal assim como os seus ocupantes.
Em  baixo: figura de bronze que representa o demônio do vento Pazuzu, que costumava aparecer com uma cara grotesca, quatro asas, patas de ave, patas dianteiras de animal e cauda de escorpião. Tem a seguinte inscrição: <<Sou Puzuzu, filho de Hanbi, rei dos demônios do vento do mal>>. Embora rei dos demônios do mal, Pazuzu considerava-se benévolo. Os amuletos de bronze com a cabeça de Pazuzu, usados pelas mulheres no parto para se protegerem contra os ataques do demônio feminino Lamashtu, tiveram grande êxito durante os períodos Assírio Final e Neobabilônico.
Direita: figura de deus com quatro caras, não foi encontrada numa escavação, mas poderia proceder  de Neribtum (Tell Ischchali) e data de princípios do 2° milênio a.C. Não se conhece a identidade do deus. (Altura: 17 cm.)
Em baixo: impressão de um selo cilíndrico de nefrite do período Acadiano (por volta de 2200 a. C.) que mostra o deus Ea com o seu vizir Usmu de duas caras. Em frente dele, o deus do sol Shamash surge entre as montanhas com Istar à sua esquerda. (Altura: 3,9 cm.)
Direita: esta placa de argila cozida de Tutub (Tell Khafajeh) mostra um deus guerreiro que apunhla uma divindade solar de um só olho. Não se conhece a identidade das figuras. A cena pode ter origem num mito que se perdeu. No período Paleobabilônico (2000 a.C. -1600 a.C) as placas modeladas que apresentam deuses eram muito freqüentes e encontravam se tanto em templos com em casas. É provável que fossem oferendas votivas ou objetos de devoção. (Altura: 11 cm.)



ROAF, Michael. Grandes Impérios e Civilizações: Mesopotâmia. Madrid: Edições del Prado S.A, 1996.
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