A Índia é um país de condições
climáticas variadas, pela sua extensão – pois vai do paralelo 37 até o 8 – e
pelo contraste entre as neves eternas do Himalaia e as selvas tórridas, o calor
escaldante no verão e a umidade excessiva nas estações chuvosas. As regiões
montanhosas do norte possuem os mais altos picos do mundo e alimentam os
grandes rios Indus e Ganges, assim como seus afluentes, que por sua
irregularidade provocam inundações súbitas e catastróficas.
A vasta planície do Indu-Ganges,
com seu solo aluvial extremamente fértil, foi o berço da civilização indiana,
essencialmente rural – e, ao longo da história, tem provocado a inveja e
ambição de invasores . Embora, à primeira vista, a Índia pareça de difícil
acesso e sua costa um tanto inóspita, os invasores podiam penetrá-la passando
através da fronteira noroeste onde, apesar de sua altitude, havia desfiladeiros
transitáveis. Estas invasões eram esporádicas e sempre se expandiam para o
nordeste e centro do país e, de certo modo, empurravam os habitantes naturais
na direção sul.
Os primeiros invasores, os
arianos, vieram do planalto iraniano. Penetraram na Índia pelo nordeste,
estabelecendo-se inicialmente no Punjab. Foram eles os responsáveis pela
destruição, em 1500 a.C., aproximadamente, das cidades do vale do Indus –
cidades que evidenciavam uma civilização altamente desenvolvida. No terceiro e
segundo milênios a.C., acompanharam o curso do rio Indus até o seu estuário –
que então ocupava uma latitude mais elevada do que a atual – e se estabeleceram
na região entre o Indus e o Ganges enquanto iam, progressivamente, avançando
para o leste ao longo do fértil vale do Ganges. Esta invasão viria trazer
conseqüências inimagináveis à Índia já que introduziria ali o idioma sânscrito,
a religião védica e os elementos essenciais à formação de sua cultura
histórica.
Templo de Surya, Konarak. Séc.
XIII. O imenso templo do nordeste indiano, construído no reinado de
Narashima-Deva (1238-1264. Dedicado ao deus-sol Surya, tem a forma de
gigantesca carruagem puxada por sete cavalos do sol. A base é decorada com doze
rodas de 3 m de diâmetro e a entrada com
sete equíferos.
Templo Chenakesvar, Belur. Séc.
XII. Estilo arquitetônico Mysore criado pela dinastia Hoysala. Projetos de
temas geométricos dos quais a estrela é o mais original. Telhados planos,
talvez inacabados ou intencionalmente rústicos; paredes cobertas com esculturas
de valor apenas ornamental.
Goupuram do templo Srirangam.
Sudeste indiano, séc. XB. Tipo de construção encontrada no Sul da Índia
medieval; evolução da estrutura quadrangular com abóbada arqueada, baseada no
desenvolvimento dos elementos individuais. A abóbada no topo do telhado
piramidal funciona como elemento decorativo.
Templo Brihadisvara, Tanjore.
Sécs. Xe XI. Templo com torres duplas, talvez o mais imponente exemplo em
formato de pirâmide. Cada telhado compreende inúmeros pavimentos individuais,
formando cornijas onde há edifícios em miniaturas. A cúpula, colocada em tão
grande altura, já assume a posição de elemento ornamental.
AUBOYER, Jeannine. O Mundo da
Arte: O Mundo Oriental. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1966.