Em
relação aos falecimentos, é interessante destacar o caráter de perpetuidade e
de imortalidade que se a imprimir à militância e ao Movimento. O integralista era eterno. Isto, é o
integralista não morria, era transferido para a milícia do além.
Por
ocasião do processo de transferência para a milícia do além, deveria ser
obedecido o seguinte ritual:
O
caixão deveria ser coberto por uma Bandeira Integralista, podendo, em alguns
casos, de acordo com a situação oficial do morto, levar a ainda a Bandeira
Nacional. A câmara ardente deveria ser velada por uma guarda de
“Camisas-verdes”.
O
integralista ao entrar na câmara onde estava sendo velado o companheiro morto,
deveria perfilar-se erguer o braço durante dez segundos.
O
Chefe Nacional, quando não pudesse comparecer ao sepultamento, seria
representado pelo Chefe Provincial ou pelo Chefe do Núcleo a que pertencia o
morto.
Segundo
seu critério, o Chefe Nacional poderia decretar luto nas fileiras do Sigma por
um ou mais dias. Neste período não poderia ser realizada nenhuma reunião de
caráter festivo. O sinal de luto, na camisa-verde, seria uma fita de crepe
negra cobrindo o Sigma do braço.
O
acompanhamento do enterro deveria ser feito pelos integralistas uniformizados
e, no cemitério, deveriam proceder à chamada do morto da seguinte maneira:
Os
integralistas formarão, alinhados e em silêncio, junto à sepultura, onde já
estará colocado o caixão, e a autoridade presente de maior graduação (...)
dirá: “Integralistas. Vai baixar a sepultura o corpo do nosso companheiro (nome
do falecido), transferido para a milícia do além.” Fará um rápido panegírico do
morto, findo o que dirá: Vou fazer a sua chamada; antes porém, peço um minuto
de concentração em homenagem ao companheiro falecido.
Ao
término desse tempo, deveria dizer: “Companheiro (nome do falecido). Todos os
integralistas responderão Presente. No integralismo ninguém morre. Quem entrou
neste Movimento imortalizou-se no coração dos camisas-verdes. Ao companheiro
(nome do falecido) três Anauês. Todos responderão: Anauê, Anauê, Anauê.”
Nas
sedes dos Núcleos ou nos lugares de reunião, a autoridade que estivesse
presidindo à sessão deveria proceder à chamada do morto, obedecendo ao mesmo
ritual descrito acima.
Cavalari,
Rosa Maria Feiteiro. Integralismo: ideologia e organização de um partido de
massa no Brasil (1932-1937), Bauru, SP: Edusp, 1999.
Protocolos
e Rituais, capítulo X, artigo 157-162. In: Enciclopédia do Integralismo, vol.
XI.