Robô
brinquedo desenvolvido pela Empresa Toyota do Japão, capaz de tocar violino.
Nossas crianças não devem ser tratadas como máquinas programáveis e desse modo
reduzindo sua capacidade intelectual a mera reprodução de informação. Nossas
crianças e adolescentes são seres complexos e devem ser educados de forma
integral. Respeitando os parâmetros emocionais e lógicos de aprendizado que
compõem a forma humana de compreensão do mundo.
Esperávamos
que no século XXI os jovens fossem solidários, empreendedores e amassem a arte
de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não tem garra e
projetos de vida.
Imaginávamos
que pelo fato de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores,
no local de trabalho e nos clubes, a solidão seria resolvida. Mas as pessoas
não aprenderam a falar de si mesmas, tem medo de se expor, vivem represadas em
seu próprio mundo. Pais e filhos vivem
ilhados raramente choram juntos e comentam sobre seus próprios sonhos, mágoas,
alegrias, frustrações.
Na
escola, a situação é pior. Professores e alunos vivem juntos durante anos
dentro da sala de aula, mas são estranhos uns para os outros. Eles se escondem
atrás dos livros, das apostilas, dos computadores. A culpa é dos ilustres
professores? Não! A culpa, como veremos, é do sistema educacional doentio que
se arrasta por séculos.
As
crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar
com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não
sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e
acertá-los, mas a vida é cheia de contradições, as questões emocionais não
podem ser calculadas, nem tem conta exata. Os jovens são preparados para lidar
com decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem
problemas é impossível. O sofrimento nos constrói
ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Mas quem se importa com a sabedoria na era
da informática?
Nossa
geração produziu informações que nenhuma outra jamais produziu, mas não sabemos
o que fazer com elas. Raramente usamos essas informações para expandir nossa
qualidade de vida. Você faz coisas fora de sua agenda que lhe dão prazer? Você
procura administrar seus pensamentos para ter uma vida mais tranqüila? Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e
estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender.
CURY, Augusto. Pais
brilhantes, professores fascinantes. A educação Inteligente: Formando jovens
pensadores e felizes. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2003.