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sábado, 13 de fevereiro de 2016

A INFLUÊNCIA DE DARWIN NA CULTURA: BIOLOGIA DO CONHECIMENTO.


Prof.a  Dr.a  Tania Scuro Mendes
Descendemos de Ardi, uma fêmea de 4,4 milhões de anos de idade, o mais antigo esqueleto de hominídeo já encontrado (a montagem do esqueleto terminou em 1997).
A seleção natural fez evoluir o "hardware" do cérebro, de tal maneira que o "software" que o cérebro desenvolve (através do aprendizado que se dá pela aprendizagem) possa ser eficaz. Esse aprendizado não altera geneticamente o indivíduo, só passando para as gerações seguintes através de alterações que implicam o próprio meio ambiente (alterações culturais, em nosso caso).
Regulações entre o organismo e o meio ambiente
Jean Piaget - Biologia e Conhecimento (1967).              
Busca no organismo os fundamentos, epistemológicos de todos os fenômenos, psicológicos, sociológicos e culturais, evitando o vitalismo e o reducionismo.
Filogênese – Estudo do desenvolvimento da espécie, tendo em vista o conjunto dos processos evolutivos do ser, ou seja, o conjunto dos processos biológicos de transformação que explicam as espécies e sua diversificação.
Ontogênese – Estudo do desenvolvimento do indivíduo, considerando o estudo do desenvolvimento do ser vivo que começa na embriogênese, continua na idade pós-natal até ao estado adulto.
O homem não depende só do programa genético, mas, também, de fatores epigenéticos.
PIAGET invariantes funcionais presentes no funcionamento cognitivo:                                   ADAPTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO. O que é adaptado é organizado depois em sistemas coerentes no cérebro do sujeito. O FUNCIONAMENTO É INVARIÁVEL
A ESTRUTURAÇÃO É VARIÁVEL. O meio pode abalar a estrutura do sistema nervoso, mas não a sua organização – PLASTICIDADE.
FATORES DE DESENVOLVIMENTO: MATURAÇÃO   (amadurecimento do sistema nervosos). EXPERIÊNCIA COM OBJETOS: conhecimento físico e lógico-matemático (abstração reflexionante).  INTERAÇÃO E TRANSMISSÃO SOCIAL.    - EQUILIBRAÇÃO  (interna e auto-reguladora). O desenvolvimento explica a aprendizagem.
INFLUÊNCIAS DO MEIO NA CONSTITUIÇÃO DO HUMANO
PROCESSO DE MATURAÇÃO
Há uma prematuridade e uma neutenia no ser humano. A evolução dotou um ser humano de estruturas lentas que progressivamente completam os aspectos físicos e comportamentais, fruto de uma interação entre a hereditariedade e o meio físico e social.
Ex. A cerebralização, além de ser um produto filogenético, é ela própria um processo de maturação e de retardamento ontogenético.
Vantagens do inacabamento: Permite desenvolver as capacidades de adaptação do ser humano, O prolongamento da infância protege o homem e facilita a aprendizagem,  O aprendido passa a ter lugar decisivo na constituição do ser humano, Ocorre uma regressão dos instintos, evidenciando a importância da cultura.
RELAÇÕES ENTRE ONTOGÊNESE E FILOGÊNESE:
A ontogênese recapitula a filogênese.
Consequências da evolução filogenética no homem:
Posição vertical: bipedismo – reorganização do corpo – coluna e membros
Desenvolvimento da mão: evolução neuro-motora
Libertação das mandíbulas – reorganização dos maxilares e dentadura
Aprendizagem de comportamentos estáveis e hábitos
Desenvolvimento da técnica como Instrumento de transformação do meio e especialização
Aquisição da linguagem – meio de comunicação e de estruturação do espaço e do tempo
O polegar é o dedo mais importante dos hominídeos. É completamente oponível aos outros dedos, o que significou uma aquisição evolutiva que permitiu a estes animais a utilização de instrumentos, com os quais podem mais facilmente defender-se e modificar o meio ambiente para melhor sobreviverem. O polegar pode realizar uma rotação de 90º, ficando perpendicular à palma da mão, enquanto que os outros dedos conseguem apenas um ângulo de 45º aproximadamente.
O descobrimento do fogo e as técnicas para conservá-lo significaram a conquista de terras de clima frio e a possibilidade de se afastar perigos e medos da noite, aumentando-se, assim, a capacidade humana de abstração nas longas horas em torno do fogo, quando surgem conseqüentemente a palavra e a arte.
A capacidade de contar também leva o homem a fazer riscos nas pedras e nas paredes rochosas numa fase pré-estética.
A lasca de pedra e o galho da árvore, ou a própria mão nua, foram o instrumento lúdico de atividade manual para satisfazer a natural tendência humana para o grafismo.
Paleolítico: Desenvolvimento gráfico e pictórico.
a)     Para caçar e retalhar suas presas, permitindo a distribuição e transporte, houve um grande aumento na necessidade de inventar e manufaturar novas armas e ferramentas;
b)     Para um maior sucesso na caçada passou a haver a necessidade de cooperação entre vários machos, inclusive com a divisão de trabalho e responsabilidade, e do desenvolvimento de técnicas mais refinadas de comunicação;
c)     O sucesso na caça exigia planejamento, conhecimento dos movimentos das manadas, acúmulo de informações (memória) para localização de fontes de água, para acontecimentos estacionais e para os hábitos das várias espécies de presas, e um cuidadoso controle dos competidores.
d)     As freqüentes expedições prolongadas de caça, com a conseqüente ausência dos homens, passou a obrigar ao estabelecimento de campos-base onde as mulheres e crianças podiam ser deixadas sob os cuidados de guardas;
         Não há dúvidas de que os prêmios de caças bem sucedidas provocaram uma pressão seletiva forte para um cérebro melhorado.
Paleolítico Superior: Confecção de instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra. Ex.: machado, arco e flecha, lançador de dardos, anzol e linha. Há o desenvolvimento da pintura e da escultura.
Neolítico - Idade da Pedra Polida: Cultivo de terras,  Manutenção das manadas,  Técnicas de tecer panos
Fabricação de cerâmicas (artesanato),  Construção das primeiras moradias (dolmens),  Desenvolvimento das primeiras instituições. Ex.: família,  Divisão de trabalho,  Início do trabalho com metais.
O camponês Neolítico não precisava mais ter os sentidos apurados do caçador Paleolítico e seu poder de observação foi substituído pela abstração e racionalização.  A arte mudou, surgindo as representações da vida coletiva. A estrutura de família dos hominídios primitivos favoreceu a rápida evolução no tamanho do cérebro. Na estrutura da população social dos hominídios primitivos, a posição de chefe do grupo, clã ou tribo não seria herdada, mas adquirida por uma combinação de atributos, como liderança, iniciativa, coragem na caça e na guerra com outros grupos, oratória e habilidade na luta. Um dos aspectos mais significativos do comportamento hominídio foi o aumento gradual do tempo dispendido para os cuidados à prole.  A sobrevivência do grupo dependia essencialmente da sobrevivência da prole que, por sua vez, dependia da qualidade e da intensidade de cuidados e de informações fornecidas pelos pais e pelo grupo como um todo. O aumento do tamanho do cérebro induzido pela prática de cuidado à prole requereu um aumento do período de desenvolvimento do filhote e, conseqüentemente, um aumento do período durante o qual é necessário o cuidado materno. Esse desenvolvimento reforça o valor seletivo do cuidado à prole e provoca pressão seletiva mais intensa em favor de um aumento do cérebro dos pais.
Articulação da Palavra
A fala permitiu a estrutura comunitária e transformou o homem em um organismo social.    Mitos,   crenças, direitos comunais, Aumento do vocabulário e da memória.   Planejamento, cooperação e divisão do trabalho não teriam tido muita utilidade sem um sistema eficiente de comunicação. A capacidade de falar é a característica humana mais típica, sendo provável que tenha sido a invenção-chave que provocou o passo do hominídio para o homem. A seleção natural, dentro dos grupos, passou a favorecer o indivíduo com maior poder inventivo, previsão, liderança e, em muitos casos, cooperação, e não a força bruta e o egoísmo.
Aqueles que davam uma maior contribuição para a harmonia e bem-estar do grupo poderiam, em conseqüência, se tornar ancestrais de um maior número de descendentes viventes. No organismo social, as qualidades éticas passaram a ser importantes componentes de adaptabilidade.
Desta forma, mais importante do que ser o mais forte era associar esta força à inteligência. Daí se tem uma pressão seletiva bastante forte para melhorar rapidamente o cérebro.  Os fatores que favoreceram o rápido aumento do tamanho do cérebro subitamente perderam seu poder, ao atingir o nível de Homo sapiens, e o tamanho do cérebro se estabilizou. Aparentemente, houve um estágio na evolução humana em que os grupos melhor sucedidos cresceram tanto que a vantagem de fertilidade dos líderes se tornou mínima. Quanto maior fosse um grupo populacional, tanto menor seria a contribuição relativa dos genes de seu líder para o patrimônio gênico da geração seguinte e tanto mais protegido (biologicamente) estaria o indivíduo médio ou abaixo da média. Assim, nos grupos grandes, o sucesso reprodutivo não estaria mais correlacionado com a superioridade genética.  Lei da Recapitulação:  - Haeckel (1834 -1919) - O desenvolvimento dos vertebrados recapitula as etapas da evolução, ou seja, a repetição dos estágios da evolução, o que significa dizer que a ontogênese é determinada pela filogênese. Investigadores atuais, como Stephen Gould, dizem que a filogênese é determinada pela ontogênese.
AUTOPOIESE = do grego auto “próprio”, poiein “fazer” É um termo cunhado na década de 70 pelos biólogos e filósofos chilenos Francisco Varela e Humberto Maturana para designar a capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios ou auto-fazer-se. A conservação da autopoiese e de adaptação de um ser vivo ao seu meio são condições sistêmicas para a vida. Um sistema vivo como um sistema autônomo está constantemente se autoproduzindo, autorregulando e sempre mantendo interações com o meio, onde este apenas desencadeia no ser vivo mudanças determinadas em sua própria estrutura e não por um agente externo.  A vida é dinâmica: rearranjos; inter-conexões; criatividade (criação). Ex. Novas estruturas cognitivas no tecido neuronal.
Maturana e Varela – Biologia da Cognição
Somos criadores e transformadores do nosso próprio mundo interno. E ao conhecer, produzimos o mundo na medida em que nos produzimos (autopoiese). Construímos o mundo em que vivemos durante as nossas vidas. Por sua vez, ele também nos constrói ao longo dessa viagem comum. EX. Interação na praia ou à margens de um rio. Nesse processo entram as outras pessoas e os demais seres vivos – construção compartilhada.
                                       

























             
             
             



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