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Está é uma página suplementar do blogue Construindo História Hoje (http://www.construindohistoriahoje.blogspot.com.br), estando a mesma vincula de modo factual ao blogue original e tendo as mesmas prerrogativas. As postagens apresentadas aqui podem conter conteúdo que expanda o universo dos estudos históricos para outras áreas e podendo ir além com abordagens variadas tão quantas o conteúdo. Deste modo distingui-a do blogue original que possuí seu foco unicamente nos estudos históricos.

Desde já grato pela atenção,


quarta-feira, 23 de março de 2016

Domingos Fernandes Calabar, uma breve biografia.


Para entendermos o drama de Calabar, temos de lembrar-se do contexto histórico.  Portugal e suas colônias estavam debaixo do domínio espanhol desde que Filipe II conquistara a coroa portuguesa em 1580. Com isso, ele pode afirmar com razão que no seu império o sol nunca se punha. Somente sessenta anos depois, em 1640, Portugal se livraria de Castela e constituiria de novo um reino independente sob o governo de D. João IV. Mas a história de Calabar se desenvolveu inteiramente no contexto do Brasil ibérico, quando, por algum tempo, não havia previsão de mudanças políticas. A história de Calabar é parte integrante do primeiro período da ocupação holandesa, a da resistência ibérica contra os conquistadores recém-chegados.

O domínio holandês do Nordeste durou quase um quarto de um século (1630-1654) e teve três períodos distintos. A primeira etapa abrange os anos da resistência ibérica e do crescimento do poderio neerlandês (1630-1636). O segundo período compreende a resignação lusa e o florescimento da colônia holandesa (1637-1644). A história de Calabar é parte integrante do primeiro período da ocupação holandesa, a da resistência ibérica contra os conquistadores recém-chegados.

Foi um militar brasileiro, nascido em Porto Calvo, Alagoas no ano de 1600 e faleceu em 1635. Seu pai era português e sua mãe negra. Mulato, católico, educado por jesuítas, prosperou, chegando a possuir três engenhos na capitania de Pernambuco. Foi um dos primeiros a se apresentar para a resistência aos holandeses, sendo ferido na defesa do Arraial de Bom Jesus, em 1630. Em 1632, não se sabe com exatidão porque, Calabar passou para o lado do invasor, quando os esforços deste estavam sendo frustrados. Grande conhecedor do terreno, sua colaboração mudou os rumos da luta, ampliando a penetração holandesa. Atingiu o posto de major do Exército holandês. Em 1635, chegando a Porto Calvo com reforços para o governador Picard, foi aprisionado, tratado como mais vil traidor e enforcado por traição. Seu corpo foi esquartejado e exposto para servir de exemplo.

Os holandeses prestaram honras fúnebres àquele a quem efetivamente deviam grande parte de seu sucesso. Dois anos depois, em 1637, chegaria ao Brasil o príncipe Maurício de Nassau.

Referências:

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1998. pg.1047.

Página Longo Alcance. Disponível em: <http://www.longoalcance.com.br/brecife/calabar/calabar1.htm > acessada em 26 de outubro de 2015 às 23h30min.



terça-feira, 22 de março de 2016

A lenda da origem do povo Inca


As origens do povo inca são particularmente obscuras e a lenda leva a melhor sobre a História. E a lenda tal como a consignou o cronista peruano Garcilaso Inca de la Veja, autor de Comentários reales, publicados em Lisboa em 1609, relata que aquele que será o primeiro soberano inca, Manco Capac, os seus irmãos e as suas irmãs brancos, saíram de Paracec-Tambo, (a caverna do futuro, no primeiro dia em que o sol tomou lugar no céu). Eis por que se chamavam Churi-Inti, os filhos do sol; adoravam e veneravam o Deus-Sol como seu pai. O primeiro inca teria, pois sido Manco Capac, esse semideus branco que tinha por esposa a sua própria irmã, Mama Ocllo Huaco. E a lenda apresenta:

Chegaram ao vale de Cuzco. Sobre a eminência que tem hoje o nome de Huanacauti, o Inca  plantou no solo o seu bastão de ouro; no mesmo instante, o bastão mergulhou na terra e desapareceu. O Inca disse: “Nosso pai, Inti (o Sol servo de Viracocha o grande deus branco criador do esplendor original), ordena-nos que fiquemos neste vale, que aqui nos estabeleçamos e reinemos...” Partindo de Huanacauti, desceram ao vale, o príncipe para norte, a princesa para sul. Assim que os homens viram os dois incas cobertos de magníficas vestes e que pelas suas palavras e pela sua pele clara os reconheceram neles. O inca ordenou aos homens que cultivassem o campo da comunidade, para evitar que a fome os expulsasse de novo para a floresta; a outros, ordenou que construíssem choupanas e casas, e foi assim que povoou a nossa cidade real. Pelo seu lado, a rainha ensinou as mulheres a fiar e a tecer.

O povo, esse é governado com mão de ferro. No reino, não há dinheiro nem comércio. O trabalho é distribuído e remunerado em gêneros, pelos governadores. As colheitas, as ceifas, tudo pertence ao Inca, que tudo divide em três partes: uma para ele, outra para o Deus-Sol, outra para os camponeses. Estes não podem possuir tecidos finos, nem a mínima parcela de ouro. Não há trégua nem repouso para o agricultor: mal termina o trabalho nos campos, tem de passar para a construção ou manutenção das estradas, ou ainda à das fortalezas.

Os etnólogos, esses, sustêm, na sua maioria, uma tese de que os Incas de pele clara, como se afirma na lenda não teriam sido os primeiros habitantes do Peru. Tanto mais que falam uma língua que os indígenas não compreendem. Talvez fossem sobreviventes do cataclismo que, quase no florescer da humanidade, aniquilou um continente inteiro. Em todo caso, uma coisa é certa: existem mais do que simples analogias entre certos vocábulos de raízes quichas, utilizados pelos incas e palavras de raízes indo-européias.


terça-feira, 15 de março de 2016

As invenções de Heron de Alexandria - e como poderiam ter revolucionado a Antiguidade.



O grande gênio das máquinas que poderia ter adiantado uma Revolução Industrial em 1700 anos

Costuma-se imaginar a Antiguidade Clássica como uma espécie de estagnação tecnológica. Entre as Guerras Greco-Persas e a queda do Império Romano, são quase 900 anos em que nada de novo parece ter sido criado. Por isso, não deixa de ser inquietante descobrir que já existiam coisas como portas automáticas e motores a vapor. Como isso não levou a uma revolução industrial 1700 anos adiantada?


Muitas obras de Heron de Alexandria, um dos maiores engenheiros e matemáticos da época, sobreviveram por intermédio dos árabes e se tornaram conhecidas no Ocidente na Renascença. "Não sabemos muito sobre sua vida, e estudos acadêmicos foram poucos e esparsos", diz Serafina Cuomo, da Universidade de Cambridge. Heron viveu entre cerca dos anos 10 e 75, e provavelmente tinha um cargo no Mouseion, a primeira grande instituição de ensino do mundo, ligada à Grande Biblioteca de Alexandria.


Precursor de Leonardo da Vinci, Heron inventou máquinas movidas por pesos, manivelas, água ou fogo. Como o gênio italiano, também descreveu equipamentos de guerra, mas sua contribuição foi escassa nesse quesito, pois viveu no auge da Pax Romana, período em que os conflitos se limitavam a insurreições dos povos dominados. A natureza de suas invenções explica por que, afinal, não houve uma revolução industrial na Antiguidade: quase todas são instrumentos para encantar e divertir, e não para substituir o trabalho manual. "No fundo, é simples: não houve revolução industrial porque havia escravidão", resume o historiador Pedro Paulo Funari, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Propor que máquinas fizessem o trabalho dos prisioneiros implicaria que esses deveriam ser trucidados. "Na guerra, você mata os inimigos ou os poupa para serem escravos. Portanto, era considerado um ato de humanidade preservar a vida de alguém que poderia ter matado você", diz Funari.


ÓRGÃO DE VENTO


Exemplo de pioneirismo na energia eólica, foi baseado no hidraulis, um órgão de água criado por Ctesíbio no século 3 a.C. Nele, o líquido, vindo de aquedutos, era usado para impulsionar o ar através dos tubos, e o músico usava um teclado para controlar as notas. Heron reimaginou o aparelho para funcionar com um cata-vento que movia um pistão. Foi, portanto, não apenas o primeiro órgão a ar mas também a primeira máquina a usar energia eólica. Aparentemente, a tecnologia foi perdida. Os moinhos de vento só surgiram na Europa no século 12.


MOTOR A VAPOR


Ninguém viu função no invento que fundaria o mundo moderno, embora a eolípila (“bola de Éolo”, deus do vento) tenha sido ao mesmo tempo o primeiro motor a vapor e a jato da história. Seu princípio é usado hoje nas turbinas que movem reatores nucleares, usinas termoelétricas e navios. Consistia numa caldeira ligada por tubos a uma esfera. Esta, com dois canos de escape para o vapor, girava rapidamente quando a água fervia. Heron menciona “figuras dançantes”, provavelmente um brinquedo ou decoração de templo movido pela máquina. Fora isso, nem o inventor nem ninguém em sua época parece ter se interessado pelo potencial de transformar calor em movimento, alcançado pela primeira vez na história e a partir do qual seria fundado o mundo industrial, 1700 anos depois.


TEATRO DE AUTÔMATOS


Um dos brinquedos mais impressionantes descritos pelo engenheiro foram os diversos “teatros de autômatos”, plataformas nas quais pequenas figuras, movidas a água, vapor ou pêndulos, executavam ações inspiradas em peças de teatro. Eram como robozinhos encenando uma peça inteira. Em uma dessas engenhocas, Hércules atacava com uma clava um dragão que cuspia água ao ser atingido. O mais complexo era uma coluna que se movia para a esquerda e a direita, com personagens que giravam, espirravam líquido e andavam, representando Nauplius, uma tragédia passada após a Guerra de Troia. O objeto, movido por um peso que afundava lentamente em uma coluna de grãos, tinha até trilha sonora, tocando pequenos sinos e tambores ocultos durante seu movimento, que era programável a partir de mudanças nas cordas internas – novamente, o primeiro exemplo de algo do gênero.


MÁQUINA DE VENDAS


O Egito da época de Heron tinha uma forma peculiar de religião, um sincretismo entre divindades gregas e egípcias. Em ambas as tradições, água benta era usada em rituais de purificação. Assim como as máquinas de refrigerante atuais, o primeiro mecanismo automático de vendas dispensava um cálice do líquido abençoado em troca de uma moeda – ela caía numa plataforma, que abria uma válvula por alguns segundos, até escorregar para um depósito, fechando-a novamente.


BOMBA DE PRESSÃO


Com ela, bombeiros romanos passaram a contar com veículos de combate a incêndio. Água encanada já era uma comodidade no mundo greco-romano, mas todo o sistema era baseado na gravidade, com poucas partes pressurizadas. Isso queria dizer que a água só se movia para baixo, um problema grave em cidades como Roma, com edifícios de até 10 andares. Em 64, durante o reino de Nero, o conhecido Grande Incêndio destruiu dois terços dos prédios da capital, com os vigiles, membros das brigadas de combate às chamas, incapazes de atingir os pisos superiores. Foi pensando nisso que Heron inventou a primeira bomba pressurizada.


SERINGA


A invenção mais duradoura e universal do matemático sobreviveu quase sem modificações até hoje e já era usada por médicos durante o século 1. Teve também uma aplicação militar, servindo como lança-chamas: na Idade Média, o Império Bizantino usava o chamado fogo grego, um composto desconhecido que não era apagado pela água. Sua aplicação principal se dava nos navios, mas, no campo de batalha, os soldados utilizavam grandes seringas para dispará-lo.


PORTA AUTOMÁTICA


Outra criação capaz de converter calor em movimento, basicamente era uma forma de fazer os visitantes dos templos acreditarem no poder milagroso dos deuses. Quando o fogo no altar era aceso, o ar de uma câmara abaixo dele se expandia com a temperatura elevada, forçando a água de um reservatório a seguir para um balde, cujo peso fazia com que as portas se abrissem. Esse conjunto diz muito sobre a forma como a tecnologia era vista na época de Heron: uma espécie de poder sobrenatural, não uma comodidade para a vida cotidiana. No Mouseion, máquinas eram usadas pelos professores não só para demonstrar princípios físicos como para convencer seus estudantes do valor da Filosofia, uma disciplina ainda não separada da Ciência.



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sábado, 12 de março de 2016

O mito de Lilith segundo o Zohar, o livro do esplendor.



O primeiro capitulo da Bíblia, conta a história de Adão e Eva ... mas segundo o Zohar (comentário rabínico dos textos sagrados), Eva não é a primeira mulher de Adão. Quando Deus criou o Adão, ele fê-lo macho e fêmea, depois cortou-o ao meio, chamou a esta nova metade Lilith e deu-a em casamento a Adão. Mas Lilith recusou, não queria ser oferecida a ele, tornar-se desigual, inferior, e fugiu para ir ter com o Diabo. Deus tomou uma costela de Adão e criou Eva, mulher submissa, dócil, inferior perante o homem.



De acordo com Hermínio, "Lilith foi feita por Deus, de barro, à noite, criada tão bonita e interessante que logo arranjou problemas com Adão". Esse ponto teria sido retirado da Bíblia pela Inquisição. O astrólogo assinala que ali começou a eterna divergência entre o masculino e o feminino, pois Lilith não se conformou com a submissão ao homem.


O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais que estão reunidos nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que se coloca lado a lado, precedendo-a de alguns séculos, da versão bíblica dos sacerdotes. Sabemos que tais versões do Gênesis - e particularmente o mito do nascimento da mulher - são ricas de contradições e enigmas que se anulam. Nós deduzimos que a lenda de Lilith, primeira companheira de Adão, foi perdida ou removida durante a época de transposição da versão jeovística para aquela sacerdotal, que logo após sofre as modificações dos pais da igreja.


No Talmude, ela é descrita como a primeira mulher de Adão. Ela brigou com Adão, reivindicando igualdade em relação a seu marido, deixando-o "fervendo de cólera". Lilith queria liberdade de agir, de escolher e decidir, queria os mesmos direitos do homem mas quando constatou que não poderia obter status igual, se rebelou e, decidida a não submeter-se a Adão e, a odiá-lo como igual, resolveu abandoná-lo. Segundo as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (século 6 ou 7). Todas as vezes em que eles faziam sexo, Lilith mostrava-se inconformada em ter de ficar por baixo de Adão, suportando o peso de seu corpo. E indagava: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Mas Adão se recusava a inverter as posições, consciente de que existia uma "ordem" que não podia ser transgredida. Lilith deve submeter-se a ele pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido. Vendo que o companheiro não atendia seus apelos, que não lhe daria a condição de igualdade, Lilith se revolta, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusações a Adão e vai embora; é o momento em que o Sol se despede e a noite começa a descer o seu manto de escuridão soturna, tal como na ocasião em que Jeová-Deus fez vir ao mundo os demônios.



Adão sente a dor do abandono; entorpecido por um sono profundo, amedrontado pelas trevas da noite, ele sente o fim de todas as coisas boas. Desperto, Adão procura por Lilith e não a encontra: Procurei-a em meu leito, à noite, aquele que é o amor de minha alma; procurei e não a encontrei" (Cântico dos Cânticos III, 1). Lilith partiu rumo ao mar vermelho (Diz-se que quando Adão insistiu em ficar por cima durante as relações, Lilith usou seus conhecimentos mágicos para voar até o Mar Vermelho). Lá onde habitam os demônios e espíritos malignos, segundo a tradição hebraica. É um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demônio, e é o seu caráter demoníaco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder. Desde então, Lilith tornou-se a noiva de Samael, o senhor das forças do mal do Outro Lado . Como conseqüência, deu à luz toda uma descendência demoníaca, conhecida como "Liliotes ou Linilins", na prodigiosa proporção de cem por dia.


Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith é força destrutiva (o Talmude diz que ela foi criada com imundície e lodo), Eva é construtiva e Mãe de toda Humanidade (ela foi criada da carne e do sangue de Adão).


Jehová-Deus tenta salvar a situação, primeiro ordenando-lhe que retorne e, depois, enviou ao seu encalço uma guarnição de três anjos, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencê-la; porém, uma vez mais e com grande fúria, ela se recusou a voltar. Lilith está irredutível e transformada. Ela desafiou o homem, profanou o nome do Pai e foi ter com as criaturas das trevas. Como poderia voltar ao seu esposo? Os anjos ainda ameaçaram: "Se desobedeces e não voltas, será a morte para ti." Lilith, entretanto, em sua sapiência demoníaca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo próprio Jeová-Deus. Ela está identificada com o lado demoníaco e não é mais a mulher de Adão. Acasalando-se com os diabos, Lilith traz ao mundo cem demônios por dia, os Lilim, que são citados inclusive na versão sacerdotal da Bíblia. Jeová-Deus, por seu lado, inicia uma incontrolável matança dessas criaturas, que, por vingança, são enfurecidas pela sua genitora. Está declarada a guerra ao Pai. Os homens, as crianças, os inválidos e os recém-casados, são as principais vítimas da vingança de Lilith. Ela cumpre a sua maligna sorte e não descansará assim tão cedo.


Uma outra versão diz que foram os anjos que mataram os filhos que tivera com Adão. Tão rude golpe transformou-a, e ela tentou matar os filhos de Adão com sua segunda esposa, Eva.


Lilith alegou ter poderes vampíricos sobre bebês, mas como os anjos a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela não faria nenhum mal aos humanos. Então, como não podia vencê-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebês protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos três anjos. Não obstante, esse ódio contra Adão e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fúria sobre os filhos deles e de todas as gerações subsequentes.


A partir daí, Lilith assume plenamente sua natureza de demônio feminino, voltando-se contra todos os homens, de acordo com o folclore assírio, babilônico e hebraico. E são inúmeras as descrições que falam do pavor de suas investidas. Conta-se, por exemplo, que Lilith surpreendia os homens durante o sono e os envolvia com toda sua fúria sexual, aprisionando-os em sua lasciva demoníaca, causando-lhes orgasmos demolidores. Ela montava-lhes sobre o peito e, sufocando-os (pois se vingava por ter sido obrigada a ficar "por baixo" na relação com Adão), conduzia a penetração abrasante. Aqueles que resistiam e não morriam ficavam exangues e acabavam adoecendo. Por isso Lilith também está identificada com o tradicional vampiro. Seu destino era seduzir os homens, estrangular crianças e espalhar a morte.


Durante os primeiros séculos da era cristã, o mito de Lilith ficou bem estabelecido na comunidade judaica. Lilith aparece no Zohar, o livro do Esplendor, uma obra cabalística do século 13 que constitui o mais influente texto hassídico e no Talmude, o livro dos hebreus. No Zohar, Lilith era descrita como succubus, com emissões noturnas citadas como um sinal visível de sua presença. Os espíritos malignos que empesteavam a humanidade eram, acreditava-se, o produto de tais uniões. No Zohar Hadasch (seção Utro, pág. 20), está escrito que Samael - o tentador - junto com sua mulher Lilith, tramou a sedução do primeiro casal humano. Não foi grande o trabalho que Lilith teve para corromper a virtude de Adão, por ela maculada com seu beijo; o belo arcanjo Samael fez o mesmo para desonrar Eva: E essa foi a causa da mortalidade humana. O Talmude menciona que "Quando a serpente envolveu-se com Eva, atirou-lhe a mácula cuja infecção foi transmitida a todos os seus descendentes... (Shabbath, fol. 146, recto)".


Em outras partes, o demônio masculino leva o nome de Leviatã, e o feminino chama-se Heva. Essa Heva, ou Eva, teria representado o papel da esposa de Adão no éden durante muito tempo, antes que o Senhor retirasse do flanco de Adão a verdadeira Eva (primitivamente chamada de Aixha, depois de Hecah ou Chavah). Das relações entre Adão e a Heva-serpente, teriam nascido legiões de larvas, de súcubos e de espíritos semiconscientes (elementares). Os rabinos fazem de Leviatã uma espécie de ser andrógino infernal, cuja a encarnação macho (Samael) é a "serpente insinuante" e a encarnação fêmea (Lilith), é a "cobra tortuosa" . Segundo o Sepher Emmeck-Ameleh, esses dois seres serão aniquilados no fim dos tempos: "Nos tempos que virão o Altíssimo (bendito seja!) decapitará o ímpio Samael, pois está escrito (Is. XVII, 1): 'Nesse tempo Jeová com sua espada terrível visitará Leviatã, a serpente insinuante que é Samael e Leviatã, a cobra tortuosa que é Lilith' (fol. 130, col. 1, cap.XI).


Também segundo os rabinos, Lilith não é a única esposa de Samael; dão o nome de três outras: Aggarath, Nahemah e Mochlath. Mas das quatro demônias, só Lilith dividirá com o esposo a terrível punição, por tê-lo ajudado a seduzir Adão e Eva. Aggarath e Mochlath tem apenas um papel apagado, ao contrário do que acontece com as outras duas irmãs, Nahemah e Lilith.


Referência:






quarta-feira, 9 de março de 2016

Uma discussão histórica acerca do filme Alexandre, o Grande de Oliver Stone.

       É um drama biográfico e também considerado um épico, realizado em 2004, com base na biografia elaborada pelo escritor inglês Robin Lane Fox, no qual foi inspirado o roteiro do filme. O filme tem inicio em 323 a.C, na Babilônia. Com a morte precoce de Alexandre, o Grande com apenas 33 anos. Depois o filme passa os eventos para Alexandria no Egito, passados já mais de 40 anos da morte de Alexandre. Seu ex- general Ptolomeu, que conhecia Alexandre intimamente, conta para um escriba as glórias e desventuras de Alexandre, bem como sobre sua morte precoce quando havia conquistado quase todo o mundo conhecido da época.  Triste Ptolomeu frisa que as grandes vitórias dos exércitos de Alexandre foram esquecidas.  Embora segundo a narrativa de Ptolomeu ele fosse chamado de tirano. Ptolomeu diz que antes de Alexandre, havia tribos e depois dele tudo passou a ser possível. Era um império não de terras e de ouro, mas da mente, uma civilização helênica aberta a todos. No oriente, o vasto império persa dominava quase todo o mundo conhecido. No ocidente, as outrora cidades-estados gregas, Tebas, Atenas, Esparta, haviam perdido o orgulho. Reis persas pagavam aos gregos com ouro, para usá-los como mercenários. Felipe II da Macedônia, o pai de Alexandre, começou a mudar tudo, uniu as tribos de pastores da Macedônia. Criou um exército profissional macedônio, que subjugou os traiçoeiros gregos. Então se voltou para a Pérsia, onde se dizia que o rei Dario, em seu trono na Babilônia, temia Felipe. Alexandre era filho da rainha Olímpia, e nasceu em Pela na Macedônia no ano de 356 a.C.

       Quando Felipe II da Macedônia, também conhecido como Felipe, o Caolho foi assassinado 336 a.C. O assassinato se deu durante os festivais de outubro em Aigai era nesses festivais que se celebravam aos casamentos e Filipe pretendia casar sua filha, mas ao entra Filipe sozinho no teatro para o casamento de sua filha, usando um manto branco, e ficou no centro da orquestra, recebendo as aclamações dos espectadores. Foi quando Pausânias atacou Filipe porque este não fez nada ao saber que Pausânias havia sido atacado e ferido por inimigos. Mas o motivo pessoal de Pausânias não excluía uma conspiração da qual ele seria apenas uma peça. Alexandre o sucedeu ao trono aos 20 anos de idade sob a alcunha de Alexandre III, mas ficou mesmo conhecido por Alexandre, o Grande. A vida de Alexandre como rei foi marcada por conquistas seguidas, não perdeu nunca nenhuma batalha. Em 335 é aclamado, no Congresso Pan-Helênico de Corinto, general de todas as forças gregas.

       Tornou-se o mais famoso general da Antiguidade, comandando os gregos na conquista do Império Persa. Com um exército de 35.000 infantes, 5.000 cavaleiros e uma frota de 169 trirremes, atingiu o Helesponto em 334. Venceu o exército persa às margens do Rio Granico. Ocupou rapidamente várias cidades, assim como a região litorânea e a Frígia, com sua capital, Górdio. Nesta cidade, cortou um nó complicado que, segundo a tradição, daria o Império da Ásia a quem o desembaraçasse. Em 333, na Planície de Isso, que dá acesso à Síria, venceu novamente os persas. Passa às cidades da Fenícia, arrasando Tiro (332), por lhe ter oferecido resistência. Gaza é vencida. Atinge o Egito onde é recebido como descendente dos faraós. Recebe o titulo de filho de Amon, o que aumentou sua popularidade, funda no delta do Nilo a cidade de Alexandria, que será um dos centros mais ricos do mundo antigo, e vence o rei, Dario III, em Arbela e Gaugamela (331). Conduz seus exércitos vitoriosos em direção da Índia; atinge o Indus, derrota o Rei Porus e ocupa a região. Ao chegar ao delta rio, a expedição dividiu-se em duas partes: uma embarcou na frota e, navegando pelo Índico e pelo Golfo Pérsico, atingiu a Mesopotâmia; a outra regressou por terra, dirigida pelo próprio Alexandre. Chegaram  a Babilônia em 324. Em dois lustros, a extraordinária campanha de Alexandre havia transformado a situação do mundo civilizado. Em seu regresso procurou organizar o império que conquistara. Sua finalidade era realizar a união entre vencedores e vencidos. Fundou na Ásia muitas cidades, sobretudo na Pérsia, garantindo assim as estradas que ligam a Pérsia à bacia Indus. Adotou ante os orientais uma política de tolerância, quanto a religião, às leis, aos costumes. Escolheu muitos persas como colaboradores de confiança, dando-lhes postos importantes no exército e no governo de territórios.

       A morte cortou seus projetos ambiciosos. Faleceu atacado por febre violenta em 323, quando contava apenas 33 anos.

Referências:

Alexandre, o Grande. Direção e Produção de Oliver Stone. Roteiro de Oliver Stone, Laeta Kalogridis, Christopher Kyle, [ 2 Dvd-vídeo], 2004.

Enciclopédia Barsa, vol.1. São Paulo: Ed. Companhia Melhoramentos, 1975. Pg.248, 249.
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