O presente
trabalho visa elaborar um paralelo entre as opiniões dos autores citados no
texto “A crise do século XVII” (Eric. J. Hobsbawm, A. D. Lublinskaya, H. R.
Trevor-Roper), e por meio deste apresentando suas opiniões convergentes e
divergentes. Seguirei iniciando minha linha de análise por texto de cada autor
e sua relação com os demais autores.
O texto “A
crise geral da economia europeia no século XVII” de Eric J. Hobsbawm tem por base
as teorias marxistas e parte do pressuposto de que a crise não foi paralela em
toda a Europa, mas distingue-se em algumas regiões houve estagnação e em outras
não. Em alguns lugares da Europa houve crescimento e em outros houve crise.
Para Eric J. Hobsbawm, a existência ainda de relações feudais impediram o
desenvolvimento do capitalismo na Europa, sendo esse um dos principais motivos
da Crise do século XVII da qual o mesmo demonstra provas incontestáveis da
ocorrência da Crise.
“O raciocínio geral pode ser resumido no
seguinte: para que o capitalismo se implante, a estrutura da sociedade feudal
ou agrária deve passar por uma revolução.”
Eric J. Hobsbawm
Já em contrapartida podemos observar no texto
“A crise geral do século XVII” de H. R. Trevor-Roper, uma perspectiva
antimarxista da visão da Crise do século XVII. Ele nos mostra em seu texto que
a crise do século XVII não foi uma crise de produção devido à estagnação como
propôs Eric Hobsbawm, porque somente a Inglaterra que possuía as forças capitalistas
triunfantes da Europa neste período, pois a antiga estrutura foi destruída e
uma nova forma de organização econômica estabelecida. Dentro desta organização
segundo H. R. Trevor-Roper, o capitalismo moderno, industrial pode
desenvolver-se e desse modo sofrer as consequências plenas da crise que atingia
a Europa nesse momento da história.
“Consequentemente, enquanto outros países
não fizeram qualquer progresso imediato em direção ao capitalismo moderno, na
Inglaterra a antiga estrutura foi destruída e uma nova forma de organização
econômica foi estabelecida, Dentro desta organização, o capitalismo moderno,
industrial, pode atingir seus resultados surpreendentes: não era amais a
empresa capitalista ‘adaptada à estrutura geralmente feudal’; era a empresa capitalista,
a partir de sua base insular
recém-conquistada, ‘ transformando o mundo’”.
H. R. Trevor-Roper
Mesmo
afirmando ter a Crise do século XVII ter alcançado plenamente somente a
Inglaterra devido ao seu desenvolvimento capitalista adiantado em relação às
outras nações ele acaba por concordar com Eric J. Hosbawm ao afirmar que de
fato, não se conseguiu a transformação em lugar algum sem um pouco de
revolução. Apresento agora as opiniões da autora A. D. Lublinskaya em seu texto
“A teoria da revolução geral na Europa do século XVII”. Ela critica as teorias
de uma generalização da crise entre as nações da Europa e apoia suas teorias em
consideração da situação de cada nação em particular.
“Destes três países (Inglaterra, Holanda e
França), cuja revolução capitalista se opera no começo do século XVII, a França
não somente ocupa um lugar menor, como é o único Estado cujo desenvolvimento
capitalista experimenta realmente grandes dificuldades.”
A.
D. Lublinskaya
No aspecto
de uma crise do capitalismo em particular, A. D. Lublinskaya discorda com Eric
J. Hobsbawm que afirma que a crise ocorreu em cada nação devido ao
desequilibrado desenvolvimento do capitalismo, como enquanto a Inglaterra era
estagnada pela crise a Suécia, Rússia e outras regiões menores desenvolviam-se.
“As potências ibéricas, a Itália e a Turquia
apresentavam um evidente retorocesso. Quanto a Veneza, encontrava-se a ponto de
transforma-se num centro turística(...) Mais ao norte, o declínio da Alemanha
era evidente, embora de forma alguma irremediável. Na Polônia báltica, a
Dinamarca e a Hansa declinavam. (...) Por outro
lado, as potências marítimas e suas dependências – Inglaterra,
Províncias Unidas, Suécia – assim como a Rússia e outras regiões menores como a
Suiça pareciam se desenvolver a invés de estagnar. Enquanto a Inglaterra,
encontrava-se em pleno avanço. A França encontrava-se em uma situação
intermediária (...).”
Eric J. Hobsbawm
A autora Lublinskaya concorda com Hobsbawm que o capitalismo
é um dos centros do evento da crise do século XVII, mas que este não é o
responsável pela mesma como nos tenta demonstrar Hobsbawm em seu texto. Pois a
autora estima que não é uma crise de produção capitalista a que se registra no
século XVII, mas uma luta econômica e política – entre os países onde o
capitalismo se desenvolve de maneira desigual.
Em relação ao texto do autor Trevor-Roper, Lublinskaya
nos guia em sua crítica de que as teorias da crise geral do século XVII e da
crise do capitalismo em particular de onde tirou a maioria de suas conclusões
da economia inglesa e holandesa. Ele sublinhou mais o ritmo lento, a seu juízo,
deste processo até nos países desenvolvidos.
“De qualquer maneira, as cortes
reconheceram-na como a sua crise. Algumas cortes procuraram reformar-se foi
então que as velhas cidades-estados, particularmente Veneza, embora agora em
decadência, tornaram-se o modelo admirado, primeiro para a Holanda e
depois para a Inglaterra.”
H. R. Trevor-Roper
Lublinskaya concorda com Trevor-Roper
sobre a importância do envolvimento dos acontecimentos na Holanda, Inglaterra e
França para exemplificar os eventos da crise do século XVII, ainda que de
formas distintas como vemos a autora citar:
“A evolução capitalista na França durante o período
examinado está muito influenciada pelo capitalismo dos países vizinhos,
principalmente da Holanda e da Inglaterra. Estes três Estados caminham para a
sociedade burguesa (...).”
A.
D. Lublinskaya
No texto que
seguiu vemos os pontos em que os autores concordaram e discordaram nos
acontecimentos referentes a Crise do século XVII. Mas, mesmo diante de ponto de
vistas distintos podemos afirmar com certeza que a crise do século XVII pode
ser entendida como o último momento da transição feudalismo/capitalismo. Apesar
das divergências existe um certo consenso entre alguns autores de que a
depressão do século XVII teve causas econômicas comuns.
Bibliografia:
MARQUES, Adhemar Martins; BERUTTI, Flávio Costa; FARIA, Ricardo de
Moura. História Moderna através de textos: Textos e Documentos vol. 3. São
Paulo: Editora Contexto. 2000.