quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O que são os Vedas?


Basicamente os Vedas são as quatro escrituras básicas (Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas),  os Puranas (cujo principal é o Srimad Bhagavatam), os épicos - o Mahabharata (do qual o Bhagavad-gita é a seção mais importante) e o Ramayana, os Upanishads, os Sutras (mais famosos sendo o Vedanta Sutra e o Yoga Sutra), as ciências auxiliares (ayurveda, astrologia, etc.) e os comentários ou livros escritos pelos grandes mestres baseado nesses textos.

As quatro escrituras, Rg, Yajur, Sama e Atharva-Vedas, descrevem os elaborados rituais e mantras usados na religião do povo nos tempos védicos, que se centrava na adoração de semideuses (ou deuses da natureza). Assim, como encontramos praticamente em toda a parte do mundo antigo (Grécia, Roma, Egito, Norte da Europa, América do Sul, etc.) a adoração de seres como o deus do sol, deus dos ventos, do mar, etc., também encontramos exatamente isso como sendo a religião popular da época védica. Por envolverem intricados rituais que não são mais seguidos, essas quatro escrituras não são úteis atualmente. Nelas praticamente não encontramos a verdadeira jóia do conhecimento e práticas espirituais de auto-realização em yoga, em puro amor ao Senhor Supremo.

Os Upanisads são muito em número (mais de 108). São tratados filosóficos sobre a Verdade Última, sobre a Realidade. Entre os Upanishads, um dos mais importantes é o Sri Isopanishad (disponível em Português impresso e em áudio MP3). Ele se destaca por ser o único que é diretamente parte de uma das quatro escrituras básicas, sendo parte do Yajur Veda.

O Srimad Bhagavatam é o Purana mais famoso e um livro de espantosa beleza, profundidade, riqueza, filosofia e sabedoria. Ele revela em grande detalhe a natureza de Deus, da alma, do “reino de Deus”, do mundo material, do processo de auto-realização, do problema e inutilidade inerente da adoração de semideuses e importância de buscar Deus acima deles, do efeito da consciência na matéria e vice-versa e muito mais. O livro tem 12 Cantos, com mais de 14 mil versos. Sua versão traduzida e comentada por Srila Prabhupada contém 19 mil páginas e está disponível em Português.

O Bhagavad-gita tem toda uma posição especial dentre os Vedas (ou literatura védica), pois apresenta o aspecto mais refinado da filosofia e prática espiritual védica - o caminho da auto-realização em yoga. É um resumo de toda a espiritualidade e filosofia da cultura védica. É o texto mais importante sobre yoga e auto-realização e é aceito como o livro base da tradição da espiritualidade e religião da Índia.

No Bhagavad-gita se descrevem as diferentes etapas do caminho do yoga (karma, jnana e bhakti). De todas as práticas de yoga, Krisna explica no Bhagavad-gita, no verso 6.47, que a prática superior é bhakti-yoga (yoga com devoção ou consciência de Krishna). A conclusão do Bhagavad-gita é que a essência de todo o conhecimento védico é a pura consciência de Krishna. Essa declaração encontramos no Capítulo 15, verso 15, onde Krishna diz, “Através de todos os Vedas, é a Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o compilador do Vedanta e sou aquele que conhece os Vedas.”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

5 fatos assustadores que você deveria saber sobre os psicopatas




Se você pensa em um “psicopata” apenas como um termo geral para “louco”, você está errado. A razão pela qual psicopatas são aterrorizantes é que eles são impressionantemente normais – mas com traços de impulsividade, destemor, e uma fria falta de empatia. Claro, alguns deles são assassinos em série, mas grande maioria não é. E enquanto um sociopata é alguém que está fora de controle o suficiente para que muitas vezes você possa identificá-lo, o traço definidor de psicopatas é que eles podem caminhar de forma invisível entre nós.

# 5. Você provavelmente já cruzou com um psicopata hoje



As chances de você encontrar um psicopata em suas atividades do dia-a-dia são bastante altas.

Quando dizemos que os psicopatas andam sem ser detectados, isso é porque nem mesmo os especialistas sabem como identificá-los à primeira vista. O exame padrão para detectar a psicopatia exige que a pessoa seja capturada e responda um longo questionário que exige um profissional treinado para avaliar corretamente. Como tal, o melhor palpite da ciência é que há, em média, 1 psicopata para cada 100 pessoas.

Isso significa que, principalmente se você vive em uma cidade média ou grande, você provavelmente esbarrou em algum psicopata, seja na rua ou no transporte público. Onde os números ficam realmente loucos, porém, é quando você examina as pessoas em certas carreiras – ou seja, cargos superiores – porque é quando o número de repente quadruplica. Parece que aqueles com tendências psicopatas são mais propensos a se tornar chefes de outras pessoas e a ocupar cargos de importância.

Mas antes de você nunca mais querer sair de casa, você também deve saber que nem todos os psicopatas querem matá-lo. Na verdade, eles não se importam com o que acontece com você, mas não significa que eles têm um ódio mortal por cada ser humano. Você é apenas uma engrenagem em uma máquina que eles acreditam que se destina apenas a lhes dar prazer. Crimes macabros são uma possibilidade, mas psicopatas não gostam de prisões mais do que você, e, além do mais, é preciso uma série de outras combinações para termos um serial killer, por exemplo.

# 4. Psicopatas e heróis são muito semelhantes … e muitas vezes são as mesmas pessoas

Imagine que você está andando pela rua quando de repente você vê uma casa em chamas. Uma criança se inclina para fora de uma janela do segundo andar, gritando para alguém – qualquer um – ajudar. Você:


A) Desesperadamente procura alguma forma de ajudar sem pôr em perigo a sua própria vida, como sacar o celular o mais rápido possível para chamar os bombeiros.


B) Coloca em perigo a própria vida e tenta resgatar a criança, sem se importar muito com a sua segurança pessoal.



Se você respondeu B, parabéns, você é um herói! E também psicopata!

Veja, quando se trata de definir algo tão complicado como as funções mentais de um ser humano, as etiquetas podem causar equívocos. Heróis e psicopatas têm sido descritos como “galhos do mesmo ramo”, devido à quantidade de traços comuns de personalidade – ou seja, ambos são susceptíveis a serem uma “pessoa impulsiva, corajosa, que facilmente quebra as regras, age impulsivamente, e desafia autoridades.

Algumas características de psicopatas que servem para o mal também servem para o bem. Situações de risco podem transformar o “maluco” em herói, como no caso do tsunami que devastou vários locais da Ásia e Oceania em 2004, onde um empresário salvou mais de 20 pessoas e depois foi preso por roubos com violência, pois tinha um comportamento psicopata.



# 3. Governos gostam de psicopatas


Afinal, qual é a carreira perfeita para uma pessoa que é incapaz de compreender a dor do outro e que se esforça para impor seu poder e autoridade sobre os outros? Militar, é claro.

Em um artigo da Military Review intitulado “Natural Killers – Turning The Tide Of Battle“, o major do exército norte-americano David S. Pierson fala sobre a importância de ter assassinos emocionalmente desconectados e carismáticos no campo de batalha. De acordo com Pierson, um assassino natural é aquele que “sente pouco ou nenhum remorso em matar o inimigo.”

O governo britânico financiou estudos com a intenção de desenvolver um “capacete psicopata” que iria desativar temporariamente as áreas do cérebro relacionadas ao medo e empatia, permitindo assim que seus militares exterminassem seus inimigos sem a menor hesitação.

# 2. Psicopatas destruíram a economia do mundo

O cérebro psicopata é “pré-construído” para o trabalho gerencial. Sim, e o psicólogo e pesquisador Kevin Dutton de Oxford disse, “Psicopatas são muito orientados a recompensa. Se eles vêem um benefício em alguma coisa, eles vão focar 100% naquilo até conseguirem.” Um psicopata não ficará satisfeito com algum cargo de gerente de departamento. Não, um psicopata quer ser o CEO ou qualquer posição tão importante quanto.

“Mas espera!” você provavelmente está dizendo agora. “As empresas nunca intencionalmente permitiriam que isso aconteça!” Na verdade, há evidências de que grandes bancos de investimento têm ativamente encorajado a contratação de psicopatas, sabendo muito bem que eles vão trabalhar muito para trazer mais e mais dinheiro para si e para a empresa – em detrimento da sociedade como um todo. Frio, focado, implacável…

E que efeitos isso pode trazer para a sociedade como um todo? Bem, a menos que você estava em coma em 2008, você já tem uma boa ideia do que acontece.

Na ocasião, a economia despencou graças a algumas decisões extremamente míopes feitas pelos chefes dos maiores bancos e corretoras do mundo. De acordo com a altamente plausível “Teoria dos Psicopatas na Crise Financeira Global,” os mais altos escalões de algumas das empresas mais poderosas do mundo tornaram-se tão inundados com “psicopatas corporativos” que essencialmente as empresas passaram a trabalhar exclusivamente para enriquecerem, ainda mais do que antes.


# 1. Psicopatas podem ser as melhores pessoas para ter por perto em uma crise


O alimento é escasso. Cidades inteiras estão caindo. A internet não funciona mais. Desastres por toda a parte…

O mundo não é um mar de rosas; é um...



O mundo não é um mar de rosas; é um lugar sujo, um lugar cruel, que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão forte como a vida, mas não se trata de bater forte. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer.

Agora se você sabe do teu valor, então vá atrás do que você merece, mas tem que estar preparado para apanhar. E nada de apontar dedos, dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou de quem quer que seja. Só covardes fazem isso e você não é covarde, você é melhor que isso.

(Discurso de Rocky Balboa para o seu filho)


Rocky Balboa

O que diabos aconteceu com a GERAÇÃO Y?! Um texto sobre liberdade, responsabilidades e as misérias de uma geração que está se perdendo no meio do caminho.



Acredite, esse gordo manjava dos paranauês.


Veja como o nosso ambiente de trabalho é divertido. Te pagaremos mal e não respeitaremos a sua hora de almoço. Hora-extra? Nem pensar! Whatsapp depois do trabalho? Com certeza, afinal de contas, você ainda não tem filhos! Ah, mas te daremos kit kat e café expresso de graça!
O que diabos aconteceu com a GERAÇÃO Y?!
Um texto sobre liberdade, responsabilidades e as misérias de uma geração que está se perdendo no meio do caminho.
Na semana passada eu ouvi de um garoto, ainda na faculdade, o seguinte depoimento:
“Seu texto sobre a subserviência das empresas em relação ao cliente deveria ser pregado na porta de entrada de todas as empresas do país, nas salas de reuniões e ser repetido como mantra em palestras de empreendedorismo para todos os empresários do Brasil. As agências de publicidade, especificamente, estão atingindo um nível de servidão pior do que pastelaria.
Na pastelaria ninguém fica acelerando o pasteleiro. Ninguém manda e-mail para o pasteleiro mandando ele entregar o pastel na mesa dele até as 9h da manhã. Para o pasteleiro, quanto mais horas ele trabalhar, mais ele vai ganhar. Falar em hora extra em publicidade só vai fazer as pessoas rirem. Enfim, desculpa o desabafo”.
Somos uma geração de bobos que se acha esperta. Nossos pais davam duro, saiam de casa cedo, trabalhavam como doidos, indo e vindo do centro da cidade, em cartórios, lotéricas e visitas bancárias, muitas vezes em carros sem ar-condicionado, mas ganhavam bem o suficiente para sustentarem uma família com três filhos, carro, cachorro e ainda levavam todos para comerem churrasco aos domingos.
A geração de hoje se deixa enganar pela falsa sensação de divertimento, que nunca tem fim. Transformaram o ambiente de trabalho em um circo, para que você ouça: “Ei, mas aqui é divertido! Dane-se se não te pagamos horas-extra ou se te colocamos para trabalhar por toda a madrugada em troca de pizza. Aqui você pode trabalhar com boné!”.
Quando nossos pais estavam em casa, eles estavam em casa mesmo! Dane-se que o trabalho tinha sido duro, após as 18:00 eles sentavam naquele sofá da Mesbla, abriam a primeira Antártica da noite e era a hora do futebol. Qual foi a última vez que você esteve realmente desconectado do seu trabalho? Você tenta se convencer de que aquele Whatsapp do cliente às 00:00 não é nada demais, que é coisa pequena, que “pega mal” não responder. E aquele inbox no Facebook às 1:35 da manhã? “Ah, eu já estou aqui mesmo, né. Agora ele já viu que eu visualizei…”.
Provavelmente você caiu no mito do home-office libertador, que te faz perceber, anos depois, que ele só foi capaz de te “libertar” do horário comercial. “Ah, mas você trabalha em casa!” — pronto, é sinal de que receberá demandas ou mensagens a qualquer hora da madrugada.
Provavelmente você ainda não se ligou, mas você produz dezenas de vezes a mais do que o seu pai ou os seus tios conseguiam. Antes, para atender um cliente, você precisava ir na loja ou na casa dele, lá na puta que o pariu. Hoje? Skype. Antes, era FAX ou mandar documentos pelos correios. Hoje? E-mail. Antes, você estava limitado à sua cidade. Hoje? Internet, meu filho!
Entretanto, quanto é que você está ganhando? Acorde para a vida! Agências com mesa de sinuca, totó, chocolates à vontade, cafezinho expresso, pula-pula e vídeo-games significam apenas que você está pagando por tudo aquilo e que o seu salário, ao final do mês, sentirá a pancada.
“Tudo bem, porque eu amo o que eu faço!”.
Na semana retrasada eu ouvi isso. Estava contratando os serviços de uma START-UP de tecnologia para um dos meus negócios e havia esquecido de perguntar alguma coisa. Já eram 23:00 horas. Fui ao Skype, me certifiquei de que a menina do suporte estava OFFLINE e deixei uma mensagem. Poderia ter feito isso pelo Facebook, mas eu sabia que iria apitar lá na casa dela e não queria esse tipo de coisa, ainda mais naquele horário. Enfim, enviei a mensagem e deixei escrito: “Só me responda quando chegar ao escritório!”.
Faltando quinze minutos para uma da manhã, a menina me responde, pelo Facebook. Eu digo: “O que você está fazendo aqui? Te deixei uma mensagem no Skype! Vá dormir, namorar ou assistir aquelas séries no Netflix!” e ela me disse: “Ah, é que eu entrei no meu skype só para ver se estava tudo bem com os clientes. Vi a sua mensagem e retornei. Não custa nada, nem se preocupe. Eu amo o que faço. Rs”.
Eu amo o que faço…erre esse. À uma da manhã de terça feira. Com o teu chefe te pagando, provavelmente, entre dois mil e quinhentos a três mil reais para isso…e somos nós quem somos a geração dos “desapegados, que querem viver a vida”.
Estamos nos tornando uma geração de trintões cujas preocupações são os próximos shows do Artic Monkeys, a cerveja gourmet da moda e a próxima temporada de House of Cards. Uma geração sem filhos, que foge das responsabilidades, se iludindo com a ideia de que o seu chefe é seu amigo e que por isso você “quebra alguns galhos para ele”.
Ouvimos de todo tipo de especialista, que somos a geração livre por excelência, que preza pela mobilidade e pela qualidade no ambiente de trabalho, mas de alguma forma nós erramos o caminho e nos tornamos aquele tipo de gente que fica conversando com o cliente às 20:00 horas, enquanto janta com a mulher. E nos achamos o máximo, quando batemos o pé: “Ai, que saco, o meu chefe não me deixa em paz!”. Que corajoso!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A Arte da Guerra de Sun Tzu



Muito pouco se sabe sobre Sun Tzu. Especula-se que ele tenha nascido por volta de 544 a.C e falecido em 496 a.C. É considerado grande estrategista militar e é autor de A arte da guerra, uma obra clássica sobre táticas militares.
O historiador Su-ma Ch’ien, a única fonte sobre Sun Tzu que restou, apresenta-o como tendo sido um general que viveu no Reio de Wu no século VI a.C.
Apesar de muitos puristas admitirem que a única e legítima filosofia foi aquela que nasceu na Grécia por volta do século V a.C., ele é considerado por muitos como um dos pilares fundamentais da chamada filosofia oriental.

Quando nos empenhamos numa guerra verdadeira, se a vitória custa a chegar, as armas dos soldados tornam-se pesadas e o entusiasmo deles enfraquece. Se sitiarmos uma cidade, gastaremos nossa força e se a campanha se prolongar, os recursos do Estado não serão iguais ao esforço. Nunca esqueça, quando as armas ficarem pesadas, seu entusiasmo diminuído, a força exaurida e seus fundos gastos, outro comandante aparecerá para tirar vantagem da sua penúria. Então, nenhum homem, por mais sábio, será capaz de evitar as conseqüências que advirão.
Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você conhece a si mesmo, mas não o inimigo, para cada vitória conquistada, você também sofrerá uma derrota.
A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.
A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.
Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.
Mantenha-os sob tensão e canse-os.
A vitória é o principal objetivo na guerra. Se tardar a ser alcançada, as armas embotam-se e a moral baixa.
Aquele que é prudente e espera por um inimigo imprudente será vitorioso.
Se numericamente és mais fraco, procura a retirada.
É preferível capturar o exército inimigo a destruí-lo. Obter uma centena de batalhas não é o cúmulo da habilidade. Dominar o inimigo sem combater, isso sim é o cúmulo da habilidade.
O principal objetivo da guerra é a paz.

TZU, Sun. A Arte da Guerra. Coleção Leitura. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1996.

A Arte da Guerra, em um livro de bambu época do reino do Imperador Qianlong, século XVIII. 

Cartografia


Os desenhos são mais antigos que a escrita, e por isso a cartografia precedeu o registro da História. Nossos ancestrais souberam traçar, embora rudimentarmente, muitas particularidades do terreno, para reproduzir um caminho percorrido. Foram as primeiras manifestações gráficas da preocupação do homem, visando à comunicação através dos itinerários. Assim nasceram os primeiros mapas e essa é até hoje a utilidade imediata da cartografia. Mais tarde, com a necessidade de precisar distâncias, surgiu a primeira unidade de medida: os dias de marcha, que aparecem nos mapas babilônicos gravados em argila (3500 a 3000 a.C.). Outros povos também foram precursores da cartografia, como os egípcios, que na época de Ramsés Ii (1333- 1300 a.C.) efetuavam medições sistemáticas de suas terras. Mas, por todo esse tempo, o mapa manteve a condição restrita de representar porções ilimitadas de terra.
Foram os gregos os primeiros a se preocupar com a representação do conjunto terrestre. Anaximandro, por volta de 500 a.C., observou a obliqüidade da eclíptica em relação ao equador, e pôs em dúvida a concepção da Terra plana, preparando o primeiro planisfério em que supunha o planeta com o formato de um disco. Inaugurava-se a era dos discários. Alguns anos mais tarde, Hecateo, grande viajante, em sua obra Periegesis, reafirmou esse conceito, cosntruindo um disco ao redor do qual colocou as águas do mar, circundando as duas partes essenciais do mundo: Europa e Ásia.
A concepção esférica
No inicio do século IV a.C., Pitágoras teria introduzido a concepção da Terra esférica. A idéia surgiu de especulações filosóficas – “... a esfera é a mais perfeita de todas as formas, portanto, a Terra, obra-prima dos deuses, deve ser uma esfera...”. Observações astronômicas confirmaram a hipótese, e Aristóteles, em 350 a.C., demonstrou a esfericidade do planeta. Depois disso, pode-se medir a obliqüidade do seu eixo de rotação, estabelecendo os conceitos de equador, pólos, trópicos e a divisão da superfície em zonas tórridas, temperadas e frias.
Por volta de 200 a.C., coube a Eratóstenes calcular a circunferência terrestre: 252 000 estadias, ou seja, mais ou menos 45 000 quilômetros, com um erro de 14 por cento quanto à medida verdadeira. A partir daí foi simples estabelecer o raio da esfera terrestre, elemento fundamental na determinação das latitudes e longitudes. Estavam dados os primeiros passos para a definição dos sistemas de projeção cartográficas, ou seja, a transformação da superfície esférica numa representação plana. Hiparco, em meados do século II a.C., inventou o astrolábio, instrumento que servia para calcular a altura dos astros (em relação ao horizonte) e realizou a primeira projeção cartográfica que se conhece, apoiando-se na trigonometria esférica e propondo um sistema cônico de projeção.

A herança de Ptolomeu

Os conhecimentos cartográficos do mundo antigo alcançaram seu ponto culminante na obra de Ptolomeu. Nascido em Alexandria no século II, dedicou dois volumes da sua Geografia ao estudo da construção de globos, projeções e mapas. Considera-se, mesmo, ser este o primeiro atlas geral elaborado.
No decorrer da Idade Média, dominada por superstições, a cartografia conhece uma fase de decadência. Na Europa, utiliza-se o mapa-múndi circular, o Orbis Terrarum do romanos, porém tão deturpado que perdera toda a exatidão geográfica. A Terra Santa ocupava geralmente o centro desses mapas, seguindo-se assim fielmente os textos bíblicos. Substitui-se a aplicação dos conhecimentos matemáticos pela interpretação artística altamente inventiva. Nesta fase, apenas os árabes mantiveram uma atividade cartográfica significativa.
No fim da era medieval, uma descoberta ligada à arte da navegação imprimiu novo alento à cartografia: a bússola, instrumento que indica o norte magnético. Introduzida na Europa por viajantes vindos da China, começou a ser usada pelos navegadores no século XIII.
Surgiram as cartas portulanas, de origem desconhecida, mas que indicam a utilização de bússolas na sua confecção. Com efeito, a característica principal desses mapas é a superposição de uma rede de linhas ligando pontos conhecidos. Tais linhas nada mais representam senão as referencias que os navegantes deveriam utilizar para orientar-se pela bússola. Foram as primeiras cartas marítimas. No  Renascimento outros fatores vieram juntar-se ao emprego da bússola para retomar o desenvolvimento  a cartografia. A redescoberta dos textos de Ptolomeu, que os humanistas italianos, por volta de 1400, traduziram para o latim; a invenção da imprensa, que tirou da cartografia o caráter artesanal; a melhoria das técnicas de navegação, que permitiu ao marinheiro assinalar graficamente sua posição de maneira mais correta.
Com isso, os descobrimentos foram documentados por intensa produção cartográfica. A terra começava a ser representada e m sua forma e dimensão verdadeiras. Contudo, os mapas eram um segredo de Estado e, praticamente, cada nação européia desenvolveu sua própria escola cartográfica, com variações quanto aos conceitos e às formas de representação.

A revolução científica

Somente a partir de 1700 é que a cartografia perdeu, afinal, o caráter decorativo em beneficio da precisão cientifica. Nesta época inventam-se novos instrumentos: no mar, os antigos astrolábios são substituídos pelos sextantes e a determinação das latitudes e longitudes deixa de ser exclusiva da astronomia superior; o cronômetro passa a ser utilizado no cálculo das longitudes; em terra, aperfeiçoa-se o sistema de triangulação na medida dos ângulos, através da introdução dos teodolitos ópticos. As possibilidades dos novos instrumentos permitiram corrigir toda uma série de erros acumulados durante séculos, considerados já como verdades geográficas. Essas descobertas constituíram uma verdadeira revolução que definitivamente separou a cartografia de suas ligações com Ptolomeu.

Mapas Históricos Brasileiros: Grandes Personagens da Nossa História. Ed.Abril Cultural, 1973.



A AÇÃO MULTIFORME DAS TREVAS



O espírito do mal não declara abertamente o que pretende destruir. Finge-se moralista, fala a linguagem do pansexualismo freudiano, pregando a libertação dó indivíduo dos recalques que diz perniciosos à saúde. Finge-se salvador das classes oprimidas nas quais destila o ódio, que nada constrói. Diz-se até defensor da religião, por cuja liberdade afirma bater-se e assim  consegue de muitos perigosa complacência. Anuncia-se o grande libertador: liberta os filhos do respeito aos pais e os pais das obrigações perante os filhos; os cônjuges da fidelidade recíproca e dos laços do matrimônio; os ricos do dever de acudir aos pobres; e todos e cada um do amor do próximo e de Deus. É ele, o eterno rebelado, que entra nas vossas casas, sob a forma dos livros da literatura corrente — a brochura divulgadora da ciência barata, o romance a esvurmar
misérias subjetivas contagiosas, a poesia dissimulando na decomposição expressional um subromantismo corruptor, o ensaio crítico, sociológico ou político, deitando o fumo da confusão, as revistas ilustradas exaltando o nudismo das estrelas de cinema e a exibição da alta sociedade a acender nas cabecinhas oxigenadas ou platinadas uma sede de luxo entontecedora.
É ele quem pontifica nos teatros, utilizando-se da técnica mais eficaz para impressionar o subconsciente com a sugestão de quadros e atitudes deletérios de que se vestem as teses de rótulo meritório; é ele quem prepara certos trechos de filmes cinematográficos de requintado
realismo sincronizado contra o qual os espíritos mais fortes dificilmente conseguem reagir; é ele
quem desenvolve o conceito da moral utilitária, baseada no falso direito da satisfação dos apetites individuais; é ele quem se erige em advogado dos direitos da mulher, pretendendo torná-la competidora ridícula do homem no exercício de atividades inadequadas, inspirando-lhe repúdio à proteção paterna ou conjugai, a fim de colocá-la, pelas condições fisiológicas que estruturam os peculiares instrumentos da sua sensibilidade, numa posição indefesa que a conduz à queda fácil, à degradação do espírito e do corpo e à escravização deprimente cujo epílogo é a disponibilidade compulsória e o desprezo geral quando soar o fim da mocidade
e dos encantos físicos.

Salgado, Plínio. Primeiro Cristo, Editora Voz do Oeste/MEC, São Paulo, 1979.









Obstruindo a Inteligência das Crianças e Adolescentes.



Robô brinquedo desenvolvido pela Empresa Toyota do Japão, capaz de tocar violino. Nossas crianças não devem ser tratadas como máquinas programáveis e desse modo reduzindo sua capacidade intelectual a mera reprodução de informação. Nossas crianças e adolescentes são seres complexos e devem ser educados de forma integral. Respeitando os parâmetros emocionais e lógicos de aprendizado que compõem a forma humana de compreensão do mundo.

Esperávamos que no século XXI os jovens fossem solidários, empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados, não pensam no futuro, não tem garra e projetos de vida.
Imaginávamos que pelo fato de aprendermos línguas na escola e vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho e nos clubes, a solidão seria resolvida. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si mesmas, tem medo de se expor, vivem represadas em seu próprio mundo. Pais e filhos vivem ilhados raramente choram juntos e comentam sobre seus próprios sonhos, mágoas, alegrias, frustrações.
Na escola, a situação é pior. Professores e alunos vivem juntos durante anos dentro da sala de aula, mas são estranhos uns para os outros. Eles se escondem atrás dos livros, das apostilas, dos computadores. A culpa é dos ilustres professores? Não! A culpa, como veremos, é do sistema educacional doentio que se arrasta por séculos.
As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não sabem lidar com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida é cheia de contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem tem conta exata. Os jovens são preparados para lidar com decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O sofrimento nos constrói ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria. Mas quem se importa com a sabedoria na era da informática?
Nossa geração produziu informações que nenhuma outra jamais produziu, mas não sabemos o que fazer com elas. Raramente usamos essas informações para expandir nossa qualidade de vida. Você faz coisas fora de sua agenda que lhe dão prazer? Você procura administrar seus pensamentos para ter uma vida mais tranqüila? Nós nos tornamos máquinas de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de aprender.

CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. A educação Inteligente: Formando jovens pensadores e felizes. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2003.




“Profetas”. Rasputin.



Rasputin é uma daquelas figuras que entraram para história mais devido à ignorância dos que o cercavam e pelo oportunismo do que por méritos que fizessem a diferença para o povo da Rússia e para o Czar. Um exemplo de “profeta” dos interesses daqueles que o cercavam. O restante da história é cercada de mito na sua vida e morte.
A última Czarina da Rússia dizia que Rasputin era uma criatura mística e dotada de poderes especiais. O monge IIiodor, seu inimigo, chamava-o de “diabo santo”. E o embaixador francês em Moscou Mauricie Paléologue, descrevia-o para o seu governo como uma pessoa “elogiada por muitos, maldita por outros tantos, mas temida por todos”.
Quem era, afinal Grigori Lefimovitch, mais conhecido como Rasputin por causa da aldeia onde nascerá, Pokrovskoye, cujo nome original era Padkino Rasputje.
Uma analise apurada de toda a documentação que ficou sobre sua vida mostra que Rasputin não era uma pessoa de bons costumes por assim disser, mas embora não se pudesse afirmar que fosse mal, estava mais pra um oportunista; tinha seus hábitos libertinos, o que mostra que ao contrario do que muitos demagogos afirmam não era nenhum santo. Era um homem exuberante, dotado de qualidades, mas tinha também muitas fraquezas, pois aqueles que o conheciam pessoalmente afirmavam ele ser cheio de contradições intimas. Acabou encontrando-se em um ambiente particular em um momento também particular da história de seu país, sem estar preparado para a ambas as situações”.
De qualquer modo, acreditavam que possui-se qualidades incomuns. Uma delas era supostamente ser capaz de prever o futuro. Rasputin teria previsto a própria morte, o extermínio da família imperial russa, o segundo conflito mundial e muitos outros acontecimentos.


Rasputin nasceu em 1872 e logo começou a trabalhar com o pai que era carroceiro.
Aos 22 anos afirmava que teve o que chamou de “uma visão divina“. Enquanto estava arando um campo, ouviu a suas costas um canto angelical e ao virar-se viu uma figura de Nossa Senhora, acompanhada por um grande número de anjos.
“Foi como um aviso”, comentaria anos depois porque acabou se encaminhado para a vida religiosa.
Passado algum tempo, Rasputin travou conhecimento com o noviço Mileti Saborovsky, estudante da academia eclesiástica que lhe pedira para levá-lo ao mosteiro de Werchoturje. Durante a viagem os dois jovens falaram muito sobre a “verdadeira fé em Deus”, chegados ao mosteiro, o seminarista acabou por convencer Rasputin a não retornar, ficando em companhia dos monges. Foi uma longa estada, durante a qual Rasputin teve contato com muitos monges que para lá eram enviados para serem “purificados”, uma vez que haviam sofrido desvios heréticos”.
No fim desse período ele começa a missão do camponês siberiano. Viaja de aldeia em aldeia, “prega”, “abençoa”, “conforta”. As pessoas começam então a falar desse religioso que se dedica a consolar os humildes e, na transmissão oral dessas notícias, a realidade ganha os retoques da fantasia. Os relatos dizem que possui poderes excepcionais, que é capaz de curar os doentes, que seus olhos possuem “um fascínio angélico e ao mesmo tempo diabólico”.
Essas histórias chegam até a aristocracia russa que o descreve “como um homem inquieto, como se procurasse alguma coisa. Tem voz rouca, o comportamento rude dos camponeses e mãos cheias de calos. Fala sobre temas religiosos e místicos com entusiasmo invulgar. E com entusiasmo igual discorre sobre as fraquezas humanas.”
Em pouco tempo torna-se um dos favoritos da elite russa de então, e com o sucesso melhoram suas condições econômicas.
Seu poder, entretanto, alcança um ponto ainda mais alto quando consegue supostamente “curar” o herdeiro do czar. O Príncipe Alexei era hemofílico, que ficou ferido ao brincar no jardim. Rasputin foi chamado pela própria czarina, passou a mão sobre o menino em oração e o mesmo sarou rapidamente.
Depois de algum tempo, os conselheiros do czar decidiram sugerir ao soberano que afastasse Rasputin da corte. Estavam surgindo muitos rumores estranhos a respeito desse personagem misterioso. O Czar Nicolau II acabou cedendo e ofereceu a Novykh (como Rasputin era chamado na corte) a soma de 200 000 rublos, uma importância enorme para a época, com a condição de deixar a corte e ir para uma aldeia bem afastada da capital. Mas Rasputin recusou. O czar então usou outros meios para afastar o “vidente” e Rasputin, ao deixar a capital, aparentemente amaldiçoa o czaréviche ( Alexei, o hemofílico herdeiro do trono), dizendo que o mesmo ficaria novamente gravemente doente se  o czar o afastasse de São Petersburgo.
E foi o que ocorreu. Mas se foi pela maldição tenho dúvidas, pois o mesmo era portador de uma doença grave até para a atualidade, então as chances de voltar a ficar doente novamente eram grandes, questão de oportunismo de Rasputin.
A czarina manda buscar o vidente e este, depois de conseguir novamente a “cura” do príncipe herdeiro, instala-se definitivamente na corte imperial.
Em sua nova fase, atinge o nível máximo de poder quando consegue nomear Sturmer ministro. Nessa época, contam os biógrafos, o czar já não tomava nenhuma decisão importante sem antes consultar Rasputin, o que começou a incomodar tanto os conselheiros imperiais quanto outros membros da aristocracia.
Um destes, o Príncipe Felix Yussupov, organizou uma conspiração contra Rasputin com a colaboração contra Rasputin com a colaboração do Grão-Duque Dimitri Pavlovitch – conspiração destinada a ter um resultado melhor que a tentativa já feita anteriormente pelo monge IIiodor, dois anos antes, quando levou a prostituta Kionya a esfaquear o “vidente”, convencida de estava matando o Anticristo.

O relato que segue possui diversas versões, mas mesmo as mais sutis demonstram que beira mais o mito do que a realidade. Preenchendo os requisitos para a criação de um grande final para o “profeta” ou “vidente” Rasputin.

O Príncipe Yussupov convidou Rasputin para seu palácio, onde lhe ofereceu doces de chocolate recheados de cianeto e vinho ao qual também havia sido adicionado esse veneno. Rasputin comeu e bebeu em grande quantidade, mas não deu nenhum sinal de envenenamento, o que perturbou os conspiradores. O Príncipe, então, passou a tocar guitarra, conseguindo que Rasputin dormisse, e aproveitou esse estado para lhe disparar um tiro no coração, com o fim de “abreviar sua agonia”.
Algum tempo depois, quando o príncipe e seus aliados voltaram para se livrar do corpo do “vidente”, foram surpreendidos por um quadro apavorante. Rasputin, coberto de sangue, dirigia-se vacilante para a porta de saída. No momento, ninguém teve a coragem de impedi-lo, mas depois foi alcançado ainda no jardim e novamente alvejado por numerosos disparos.
Seu corpo, então, foi lançado no rio Neva.
Dois dias depois, ao cadáver de Rasputin reapareceu à superfície do rio, com as mãos e os pés amarrados, tendo a perícia policial registrado que “Grigori Lefimovitch vulgo Rasputin, havia sido jogado no rio ainda vivo”.
A última página da vida desse personagem enigmático e, sob alguns aspectos, excepcional veio para alguns confirmar seus dons sobrenaturais.  Para outros, foi certamente a grande resistência física de Rasputin a responsável por esses fatos.
Você quer saber mais?

BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda,  1985.





O MUNDO QUE PREPARA A CATÁSTROFE


A que misterioso ritmo obedece esse estranho rumor, a princípio vago e indistinto, já agora nítido e altissonante, que perpassa pela superfície da terra, dando a volta ao seu meridiano?
Que sentido profundo traz essa agitação geral dos povos, a tragédia surda dos espíritos, a angústia dos oprimidos e o sobressalto dos opressores?
As cidades cresceram para os céus. Os mares coalharam-se de naves de aço. O homem percorre a amplidão com asas de águia. A terra multiplicou as suas messes, as indústrias multiplicaram os seus benefícios. Todos os confortos imagináveis se tornaram realidades banais. Todos os sonhos de beleza e de magnificência foram ultrapassados. E nunca o homem dominou mais os elementos, nunca imperou melhor sobre a natureza.
Rufam os motores dos aviões; gritam locomotivas; fonfonam os automóveis; uivam as s as sereias das fábricas; estrondam as usinas;  mugem os navios; sibilam polés estridulam guindastes; cantam os rádios... É a sinfonia planetária...
As máquinas produzem por milhares de homens. A Civilização esplende nas suas grandes Metrópoles. Nunca a humanidade foi tão rica, nunca o gênero humano conheceu maior fartura.
E, entretanto, nunca houve desespero maior, nunca o ser humano mergulhou em confusão tão grande, tão desnorteadora.
Nas modernas babilônias cresce a legião dos desocupados; há criaturas sem teto, que dormem ao relento, ou na promiscuidade dos albergues; e o próprio trabalho já não é um prazer, mas um triste manobrar de manivelas e de alavancas, onde toda a iniciativa do Espírito desapareceu.
Outrora, o trabalho tinha qualquer coisa de fino, de sutil, feito de amor e de entusiasmo, de esperança e de alegria íntima, criadora; e, agora, o homem sente-se, cada vez mais, submetido a um ritmo mecânico, que o vai transformando, dia a dia, numa peça do maquinismo da Produção.
Não amando mais o trabalho (e só se ama aquilo onde se realiza a fusão do Espírito com as necessidades da matéria). Vendo a “arte” ser substituída pela “técnica”.
O homem moderno vai se tornando um autômato, um boneco de carne e osso, que será possivelmente substituído por um outro boneco de aço  e ferro, quando o barateamento do custo da produção e a racionalização do trabalho, levada aos extremos que a técnica sugere, determinar que assim seja.
O instinto da máquina vai avassalando tudo.
O Homem inventou a máquina. A máquina agora, quer fabricar homens. E se um dia saírem homens do ventre das usinas, também os úteros das mulheres gerarão homens-máquinas, sem coração, sem afeto, meros aparelhos de produção...


DOREA, Augusta Garcia Rocha (Org). O Pensamento Revolucionário de Plínio Salgado: uma antologia, São Paulo: Ed. Voz do Oeste, 1988.

Deuses e demônios


Na antiguidade, no Médio Oriente adoravam-se centenas de deuses: cada grupo étnico e inclusive cada cidade tinha os seus próprios deuses. Em geral havia uma grande tolerância religiosa e os deuses de uma região assimilavam os da outra. Os panteões sumério e acadiano fundiram-se em épocas antigas e já não é possível distinguir as suas divindades. Muitas vezes, o prestígio dos deuses dependia da maior ou menor fortuna da cidade de origem. Marduque e Ashur, por exemplo, chegaram a ser muito importantes devido à prosperidade crescente da Babilônia e da Assíria.
Os deuses tomam freqüentemente forma humana, e acreditava-se que se comportavam como humanos, com as mesmas emoções e as mesmas necessidades, embora possuíssem poderes sobrenaturais. Ao lado dos deuses havia numerosos seres sobrenaturais, bons e maus: demônios, espíritos, espectros, etc., que tomam distintas formas e costumam combinar características humanas e animais. Julgava-se que alguns demônios eram responsáveis pelas doenças e outras desgraças, o que dava lugar complicações rituais destinadas a afastar o mal.

Esquerda: Uma das formas mais divulgadas de adivinhação era o exame das entranhas dos animais sacrificados. Esta placa babilônica de argila cozida, de Sippar, que data de 700 a. C., aproximadamente, representa este exame. No outro lado está talhada a interpretação do augúrio. A cara foi identificada como pertencente ao deus Humbaba, que foi assassinado pelo herói épico Gilgamesh. (Altura 8 cm)
Esquerda: neste ornamento com enfeites de marfim de tipo fenício, encontrado em Kalhu, uma mulher nau sustenta leões e flores de lótus. As deusas nuas costumam identificar-se com a deusa do amor e da guerra, que os Sumérios chamavam Inanna, os Acadianos Istar, e no Levante Astarte, (Altura: 16, 1 cm).
Direita: um kudurru (marco fronteiriço) de Nabucondonosor I (1124-1103 a.C.) gravado com os símbolos dos deuses. Na fila superior está a estrela de Istar, a meia-lua de Sin e o disco solar de Shamash. As três coroas com cornos sobre pedestais, em baixo, podem representar Anu, Enlil e Ea. (Altura: cerca de 60 cm.)
Direita: A parte posterior desta placa de bronze em relevo (por volta de 700 a.C.) representa o demônio Pazuzu cuja cabeça e mãos se vêem na parte superior. É provável que servisse de proteção contra Lamashtu, que atacava as mulheres grávidas e os recém-nascidos. Na placa figuram os símbolos dos deuses, uma fila de demônios, um doente atendido por sacerdotes com um manto de escamas de peixe, além dos demônios Pazuzu e Lamashtu, o da cabeça de leão, em baixo. (Altura: 13,3 cm; largura: 8,4 cm)
Esquerda: figura alada do Palácio do Noroeste de Assurbanipal II (883-859 a.C) em Kalhu,com uma coroa com cornos que simbolizavam a divindade na antiga Mesopotâmia a partir do primeiro período dinástico. Nas paredes do palácio existiam muitas figuras similares talhadas, algumas com quatro asas, ou com cabeça de águia e outras com mantos de escamas de peixe, que tinham também objetos diversos – plantas, animais, cubos e cones. E stes seres sobrenaturais relacionavam-se com os apkallu ou sete sábios, cujas figurinhas se enterravam no solo dos palácios para os proteger do mal assim como os seus ocupantes.
Em  baixo: figura de bronze que representa o demônio do vento Pazuzu, que costumava aparecer com uma cara grotesca, quatro asas, patas de ave, patas dianteiras de animal e cauda de escorpião. Tem a seguinte inscrição: <<Sou Puzuzu, filho de Hanbi, rei dos demônios do vento do mal>>. Embora rei dos demônios do mal, Pazuzu considerava-se benévolo. Os amuletos de bronze com a cabeça de Pazuzu, usados pelas mulheres no parto para se protegerem contra os ataques do demônio feminino Lamashtu, tiveram grande êxito durante os períodos Assírio Final e Neobabilônico.
Direita: figura de deus com quatro caras, não foi encontrada numa escavação, mas poderia proceder  de Neribtum (Tell Ischchali) e data de princípios do 2° milênio a.C. Não se conhece a identidade do deus. (Altura: 17 cm.)
Em baixo: impressão de um selo cilíndrico de nefrite do período Acadiano (por volta de 2200 a. C.) que mostra o deus Ea com o seu vizir Usmu de duas caras. Em frente dele, o deus do sol Shamash surge entre as montanhas com Istar à sua esquerda. (Altura: 3,9 cm.)
Direita: esta placa de argila cozida de Tutub (Tell Khafajeh) mostra um deus guerreiro que apunhla uma divindade solar de um só olho. Não se conhece a identidade das figuras. A cena pode ter origem num mito que se perdeu. No período Paleobabilônico (2000 a.C. -1600 a.C) as placas modeladas que apresentam deuses eram muito freqüentes e encontravam se tanto em templos com em casas. É provável que fossem oferendas votivas ou objetos de devoção. (Altura: 11 cm.)



ROAF, Michael. Grandes Impérios e Civilizações: Mesopotâmia. Madrid: Edições del Prado S.A, 1996.

A mumificação


Um dos melhores exemplos da engenhosidade dos antigos egípcios é a mumificação, que ilustra o conhecimento profundo que tinham de inúmeras ciências, como a física, a química, a medicina e a cirurgia. Esse conhecimento era resultado do acúmulo de uma longa experiência. Por exemplo, à descoberta das propriedades químicas do natrão – encontrado em certas regiões do Egito, em particular no Uadi El-Natrum – seguiu-se a utilização das mesmas no cumprimento prático das exigências da crença na vida além-túmulo. Preservar o corpo humano era uma forma de dar realidade à crença. Análises recentes revelaram que o natrão se compõe de uma mistura de carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, sal e sulfato de sódio. Os antigos egípcios conheciam portanto, as funções químicas dessas substâncias. No processo de mumificação, o corpo era embebido em natrão durante setenta dias. O cérebro era extraído pelas narinas, e os intestinos removidos através de uma incisão num dos lados do corpo. Operações desse tipo exigiam um acurado conhecimento de anatomia, queé e ilustrado pelo bom estado de conservação das múmias.

A Cirurgia

Foram sem dúvida os conhecimentos adquiridos com a prática da mumificação que permitiram aos egípcios o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas desde os primeiros tempos de sua história. A cirurgia egípcia é, com efeito, bastante conhecida graças ao Papiro Smith, cópia de um original escrito durante o Antigo Império, entre – 2600 e – 2400, um verdadeiro tratado sobre cirurgia dos ossos e patologia externa. Quarenta e oito casos são examinados sistematicamente. Em cada um deles, o autor do tratado começa o estudo com um título geral: “Instruções acerca de {tal e tal caso}”. Segue-se então uma descrição clínica:  “Se observares [tais sintomas]”. As descrições são invariavelmente precisas e incisivas, seguidas de um diagnostico: “Em relação a isso, dirás: um caso de [tal e tal lesão]”, e, dependendo do caso, “um caso que poderei tratar” ou “um caso que não tem remédio”. Se o cirurgião pode tratar o paciente,o tratamento a ser administrado é então explicado em detalhes; por exemplo:  “no primeiro dia, deves usar um pedaço de carne como bandagem; depois, deves colocar duas tiras de tecido de modo a juntar os lábios da ferida...”
Ainda hoje são aplicados vários tratamentos indicados no Papiro Smith.
Os cirurgiões egípcios sabiam suturar ferimentos e curar fraturas empregando talas de madeira ou de cartonagem. Algumas vezes, o cirurgião simplesmente recomendava que se permitisse à natureza seguir os seu próprio curso. Em dois exemplos, o Papiro Smith instrui o paciente a manter sua dieta normal.
Dos casos estudados pelo Papiro Smith, a maioria se refere a lacerações superficiais do crânio ou da face. Há também casos de lesão dos ossos ou das juntas, como contusões das vértebras cervicais ou espinhais, luxações, perfurações do crânio ou do esterno, e diversas fraturas que afetam o nariz, o maxilar, a clavícula, o úmero, as costelas, o crânio e as vértebras. Exames nas múmias revelaram vestígios de cirurgia, como é o caso do maxilar (datado do Antigo Império) em que foram praticados dois orifícios para drenar um abscesso, ou do crânio fraturado por golpe de machado ou espada e recomposto com sucesso. Existem também indícios de tratamentos dentários, como obturações feitas com um cimento mineral; há uma múmia que apresenta uma espécie de ponte feita de ouro ligando dois dentes pouco firmes.
Por sua abordagem metódica, o Papiro Smith serve como testemunho  da habilidade dos cirurgiões do antigo Egito, habilidade que, supõe-se, foi transmitida pouco a pouco à África, à Ásia e à Antiguidade clássica pelos médicos que acompanhavam as expedições egípcias aos países estrangeiros.
Além disso, sabe-se que soberanos estrangeiros, como o príncipe asiático de Baktan, Báctria, ou o próprio Cambises, mandavam chamar médicos egípcios, e que Hipócrates “tinha acesso à biblioteca do templo de Imhotep em Mênfis”. Posteriormente outros médicos gregos seguiram-lhe o exemplo.

MOKHTAR, G (Org). História Geral da África. Vol. II: A África Antiga, São Paulo: Ed. Ática/Unesco, 1983.


Índia, História e Arte.


A Índia é um país de condições climáticas variadas, pela sua extensão – pois vai do paralelo 37 até o 8 – e pelo contraste entre as neves eternas do Himalaia e as selvas tórridas, o calor escaldante no verão e a umidade excessiva nas estações chuvosas. As regiões montanhosas do norte possuem os mais altos picos do mundo e alimentam os grandes rios Indus e Ganges, assim como seus afluentes, que por sua irregularidade provocam inundações súbitas e catastróficas.
A vasta planície do Indu-Ganges, com seu solo aluvial extremamente fértil, foi o berço da civilização indiana, essencialmente rural – e, ao longo da história, tem provocado a inveja e ambição de invasores . Embora, à primeira vista, a Índia pareça de difícil acesso e sua costa um tanto inóspita, os invasores podiam penetrá-la passando através da fronteira noroeste onde, apesar de sua altitude, havia desfiladeiros transitáveis. Estas invasões eram esporádicas e sempre se expandiam para o nordeste e centro do país e, de certo modo, empurravam os habitantes naturais na direção sul.
Os primeiros invasores, os arianos, vieram do planalto iraniano. Penetraram na Índia pelo nordeste, estabelecendo-se inicialmente no Punjab. Foram eles os responsáveis pela destruição, em 1500 a.C., aproximadamente, das cidades do vale do Indus – cidades que evidenciavam uma civilização altamente desenvolvida. No terceiro e segundo milênios a.C., acompanharam o curso do rio Indus até o seu estuário – que então ocupava uma latitude mais elevada do que a atual – e se estabeleceram na região entre o Indus e o Ganges enquanto iam, progressivamente, avançando para o leste ao longo do fértil vale do Ganges. Esta invasão viria trazer conseqüências inimagináveis à Índia já que introduziria ali o idioma sânscrito, a religião védica e os elementos essenciais à formação de sua cultura histórica.

Templo de Surya, Konarak. Séc. XIII. O imenso templo do nordeste indiano, construído no reinado de Narashima-Deva (1238-1264. Dedicado ao deus-sol Surya, tem a forma de gigantesca carruagem puxada por sete cavalos do sol. A base é decorada com doze rodas de 3 m  de diâmetro e a entrada com sete equíferos.
Templo Chenakesvar, Belur. Séc. XII. Estilo arquitetônico Mysore criado pela dinastia Hoysala. Projetos de temas geométricos dos quais a estrela é o mais original. Telhados planos, talvez inacabados ou intencionalmente rústicos; paredes cobertas com esculturas de valor apenas ornamental.
Goupuram do templo Srirangam. Sudeste indiano, séc. XB. Tipo de construção encontrada no Sul da Índia medieval; evolução da estrutura quadrangular com abóbada arqueada, baseada no desenvolvimento dos elementos individuais. A abóbada no topo do telhado piramidal funciona como elemento decorativo.
Templo Brihadisvara, Tanjore. Sécs. Xe XI. Templo com torres duplas, talvez o mais imponente exemplo em formato de pirâmide. Cada telhado compreende inúmeros pavimentos individuais, formando cornijas onde há edifícios em miniaturas. A cúpula, colocada em tão grande altura, já assume a posição de elemento ornamental.
AUBOYER, Jeannine. O Mundo da Arte: O Mundo Oriental. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1966.






Por dentro dos zigurates.


Os zigurates eram um dos elementos mais característicos da antiga Mesopotâmia. Em muitas cidades o templo do deus tutelar compreendia um zigurate que constava de uma série de plataformas sobrepostas, em cima dos quais havia um templo. Os templos erigidos sobre plataformas já se encontram no período Ubaid em Eridu, por volta do quinto milênio a.C. os primeiros zigurates verdadeiros foram construídos por Ur-Nammum (2112-2095 a.C.),  primeiro rei da Terceira Dinastia de Ur, em Ur, Eridu, Uruk e Nippur. A planta era semelhante em todos eles, com uma base retangular, três escalinatas que se cruzavam em ângulo reto e que conduziam ao templo alto. Esta é a lanta do zigurate mais famoso de todos, o do deus Marduk, na Babilônia, que deu origem à história da Torre de Babel. Tinha o nome de Etemenanki, que significa “o templo da fundação do céu e da terra”, e foi começando no século XVII a.C.
Não se conhece a natureza exata das cerimônias que se desenvolviam no alto santuário. O historiador grego Heródoto, que descreveu em pormenor o zigurate da Babilônia, dizia que ali se celebravam as núpcias sagradas de uma sacerdotisa com o deus (que talvez estivesse representado na pessoa do rei ) nu ritual destinado a assegurar a prosperidade futura do país.
Os restos de zigurates foram encontrados em 16 jazigos; outros são conhecidos pelos textos (como o de Agadé, que não se sabe exatamente onde estava) ou pela forma das ruínas. Havia dois tipos principais de zigurate: um tipo do S., mais antigo, que tinha uma plataforma retangular e três escalinatas, e um tipo de nortenho, posterior, sem escalinatas, em que o templos costumava ser parte de um grande complexo. A construção do zigurate no jazigo elamita de Al-Untas-Napirisa (meados do séc. XIII a.C.) é excepcional. Encheu-se um pátio quadrado (com salas à volta) para construir um zigurate alto. As escadas dos quatros lados estavam dentro da estrutura.

1 A forma dos zigurates era parecida com as pirâmides do Egito, como a pirâmide escalonada de Saqqara (em baixo, figura), mas a sua função era diferente. As pirâmides eram túmulos, onde a câmara mortuária estava oculta no centro do monumento, sem estrutura por cima. Os zigurates eram sólidas construções de tijolo coroadas por um templo; parecem-se mais aos templos da América Central, como o de Chichén Itzá (figura inferior). É possível, contudo, que a ideia de uma grande estrutura piramidal tivesse vindo do Egito.

2 Direita: Plano do zigurate de Ur construído por Ur-Nammu. Construído com tijolo de adobe seco ao sol, tinha uma grossa camada externa de tijolo cozido. Conservaram-se partes dos níveis inferiores. O aspecto geral foi reconstruído a partir das figuras encontradas em relevos e em selos.

3 Esquerda: Plano reconstruído do templo e zigurate de Tell al-Rimah, provavelmente a antiga Qatara. É provável que fosse construído em tempos de Samsi-Adad I(por volta de 1800 a.C.). ao contrário do tipo anterior do S., que tinha três escalinatas, o zigurate formava parte do edifício do templo e do santuário mais alto chegara até ao teto do templo do pátio.

4 Em cima: O zigurate da capital assíria de Dur-Sarrukin foi um dos que forma descobertos anteriormente. Julgava-se que um caminho em espiral conduzia até à cúspide e que os três níveis inferiores estavam pintados de branco, negro e vermelho. Os níveis superiores não foram conservados, mas, segundo a combinação normal de cores, teriam sido azul, laranja, prateada e dourada.

ROAF, Michael. Grandes Impérios e Civilizações: Mesopotâmia. Madrid: Edições del Prado S.A, 1996.