quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Capitalismo - Propriedade - Burguesia


Gustavo Barroso

            A tática dos comunistas marxistas foi sempre estabelecer confusão entre as palavras - capitalismo, propriedade, burguesia, riqueza, capitalista, de significação diversa da que lhe emprestam, com o único fim de lançar as classes da Nação umas contra as outras e mais facilmente a destruir.

            O Integralismo precisa dar a essas palavras seu verdadeiro significado  e o Integralista deve sabe-lo.

            Capitalismo não é a propriedade. Capitalismo é o regime em que o uso da propriedade se tornou abuso, porque cada indivíduo pode, se tiver dinheiro, especular no sentido de fraudar e oprimir os outros. Capitalismo é o regime em que o uso da propriedade se tornou desordenado, porque cada indivíduo pode agir à vontade e produzir sem se preocupar com as necessidades da coletividade, causando o desemprego, as falências, os salários ínfimos e a carestia da vida. Capitalismo é o regime em que um indivíduo ou um grupo de indivíduos pode açambarcar as propriedades por meio de trustes, cartéis ou monopólios. O Capitalismo, portanto, em última análise é um destruidor da propriedade.

            A propriedade não deve e não pode ser suprimida. Deve e pode ser disciplinada. A propriedade é a projeção do homem no espaço, a garantia de sua velhice e a estabilidade de sua família. A propriedade é legítima quando provém do trabalho honesto e quando empregada no sentido do interesse nacional. Deve ser dada a todos quantos a mereçam sem distinção de classes. A propriedade obtida desonestamente não deve ser mantida. A propriedade empregada em sentido contrário ao interesse nacional deve ser posta nos seus verdadeiros termos. Por isso, o Integralismo só admite o direito de propriedade condicionado pelos deveres do proprietário.

            Capitalista não é todo indivíduo que possui dinheiro. Há capitalistas produtores e benéficos como há capitalistas aproveitadores, especuladores, ociosos e indolentes. Há capitalistas chefes de empresa que trabalham mais do que qualquer dos seus operários. A palavra capitalista não tem o significado limitado e pejorativo que lhe emprestam de caso pensado os comunistas.

            Burguesia não é uma classe, é um estado de espírito. Burguês é todo indivíduo que só pensa em si, que vive somente para si. Se for dono duma fábrica, não hesitará em atirar à miséria todos os seus operários para não diminuir um vintém de seus lucros. Só será pela união e pela paz social dos Brasileiros, se isso lhe der lucro. Só compreende a solidariedade nacional em seu proveito. Só pensa na miséria de seus compatriotas para fazer dela um degrau para subir. É um indivíduo nocivo.

            O espírito burguês limita os horizontes aos interesses pessoais. Há grande número de operários, de sindicalistas e de agitadores comunistas que têm espírito burguês, como há muita gente da chamada burguesia que o não possui.

            O que se deve combater não é a denominada classe burguesa, porém a casta que quer sozinha governar o país. O Integralismo é contra a luta de classes e, portanto, contra o domínio duma casta. O governo deve ser exercido por uma elite recrutada em todas as classes e formada pelo estudo, pela luta, pelo trabalho e pelo sacrifício. NUNCA PELO DINHEIRO!

            A supremacia do dinheiro é ilegítima. A supremacia dos valores intelectuais e morais é legítima.

            O Integralismo quer e organizará um governo legítimo.


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Você quer saber mais? 

BARROSO, Gustavo. O que o Integralista deve saber. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935; transcrito integralmente das páginas 135, 136 e 137.
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